
Interrogado em tribunal por Pedro Reis, advogado da apresentadora Bárbara Guimarães, o ex-ministro socialista da Cultura, Manuel Maria Carrilho, assumiu, convicto, ter sido vítima de um ardil matrimonial quando assinou, em 2003, os papéis do casamento com a estrela da SIC: "Os primeiros passos foram dados por ela em direção a mim. O golpe do baú foi mais tarde: a casa, os filhos, os bens… e que belo golpe do baú", vincou, quando interrogado pelo causídico sobre uma frase que, alegadamente, terá dito no banco dos réus: "a ‘mulher’ deitou a mão a um ministro".
Entre vários assuntos escalpelizados em tribunal, houve um que exaltou soberanamente os ânimos de Manuel Maria Carrilho e fê-lo falar em tom de comício: os bens do casal, os mesmos que afirma terem-lhe sido "roubados".
"Estive uma hora na minha antiga casa para marcar os meus pertences com 'post-its'. Os catálogos de exposições que guardo desde os meus 18 anos, obras literárias e de pintura com dedicatórias personalizadas, um candeeiro da 'Paris-Sete' e mais duas cadeiras do Oliveira Dias que me foram oferecidas e que não me foram devolvidas. Além disso fui impedido de entrar no 'closet' onde tinha 20 mil euros no cofre, a estante do automóvel do meu pai e o relógio do meu avô Nuno, o 'dlin-dlão', como lhe chama a Carlota, que está prometido ao Dinis Maria desde o seu primeiro dia de vida", descreveu.
SER PAI AOS 50 FOI "GENEROSIDADE"
Durante a manhã desta segunda-feira, dia 13, Manuel Maria Carrilho foi interrogado pela procuradora do Ministério Público Nadine Xarope, que lhe pediu para descrever os seus sentimentos de parentalidade tardia, solicitação a que este acedeu com facilidade. "Fui de uma generosidade ter aceitado ter filhos aos 53 e aos 59 anos. Aos 50 anos já tinha filhos com 30 e até netos. Tive que voltar a mudar fraldas, dar biberões e obviamente que a Bárbara me deve agradecer a generosidade que tive de aceitar ter filhos numa idade em que só queria alguma tranquilidade", explanou.
Assumindo como seu defeito maior a "ingenuidade", o candidato derrotado em 2005 à Câmara de Lisboa apresentou-se ao tribunal, qual Egas Moniz, o aio mártir do rei D. Afonso Henriques, reconhecendo como seu crime maior – supõe-se que com alguma ironia – "o excesso de dedicação doméstica", apesar de se sentar efetivamente no banco dos réus por 24 crimes bem tipificados no Código Penal. A saber: um crime de violência doméstica e 23 crimes de difamação.