A mais recente polémica no mundo da noite estalou na
noite de Halloween, quando 3 seguranças agrediram 2 jovens junto ao Urban Beach, em Lisboa. Uma agressão que foi filmada e que originou enorme polémica. Nas redes sociais e na opinião pública.
Presentes ao tribunal, dois dos três homens ficaram em prisão preventiva. O homem que saiu em liberdade ficou com termo de identidade e residência, e impossibilitado de continuar a exercer a profissão.
O Ministério da Administração Interna mandou encerrar a discoteca por um período de 6 meses. Este caso foi a gota d'água, já que desde janeiro haviam sido apresentadas 38 queixas, relativas a problemas no Urban Beach.
Nas redes sociais, o vídeo da agressão tornou-se viral. Muitos famosos, frequentadores daquela e de outras casas de diversão noturna, mostraram-se indignados.
Só que passados alguns dias começaram a aparecer as reações de vários profissionais da noite e o seu lado da história.
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Manuel (nome fictício) foi segurança da mítica Kapital, templo da noite lisboeta dos anos 90 e conhecida pelo rigor com que a clientela era selecionada. Manuel era um dos homens da porta e um dos responsáveis por manter a ordem no local.
O homem recorda uma verdadeira noite de terror, não ali mas noutra discoteca, onde trabalhou antes, no Rato, em Lisboa. "Há
alguns anos agredi uma certa personagem quando ele estava no chão. Não o agredi porque ele acordou e deu-me 4 tiros. Não morri porque ele estava grogue e via 2". Por isso, o segurança que correu risco de vida, observa: "Quando eles caiem a primeira coisa a ver é se estão armados".
A situação no Urban Beach não o espanta e alerta para a perigosidade de alguns clientes. Manuel está retirado há vários anos mas nunca mais esqueceu a violência da noite e como observar as intenções das pessoas. "A minha experiência dá para separar o trigo do joio. São estes bons rapazes que matam e separam a cabeça do corpo. São estes bons rapazes que não fazem mal a ninguém, e mais não digo. Se gostei de ver o vídeo? Não gostei. Não gosto de violência gratuita", conclui.
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Nuno trabalha numa zona isolada e já foi baleado. Admite que também já cometeu excessos mas ainda hoje se questiona como sobreviveu ao ataque do cliente, que queria sair sem pagar a conta. "Não sou exemplo porque assim como tantos outros já pratiquei excessos. No dia 4 de março deste ano um cliente, para não pagar 100€ de uma dívida, pregou-me 7 tiros com uma arma de 9mm", recorda.
Está recuperado e continua a vigiar o mesmo bar. "Os médicos falam em milagre acerca da minha sobrevivência. Voltei ao mesmo local e continuo a trabalhar naquela que é a minha área desde 2000. Sim, sou segurança e acima de tudo orgulhoso daquilo que faço".
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Filipe, segurança numa discoteca próxima do Urban, dá também a sua visão dos acontecimentos, e avisa: "Nunca tive que agredir ninguém. Só em caso de me agredirem a mim, isso já é outra conversa, caso contrário não é necessário".
Este segurança explica como proceder para evitar casos de violência extrema. "Acho que quando um gajo bebeu uns copos e excede, se uma pessoa tenta falar por bem, as coisas resolvem-se. Os outros, que já vão naquela de armar m..., se nós formos inteligentes conseguimos desarmá-los só a conversar".
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Na noite de Halloween, o dono de uma roulote revela ter sido ele a pedir ajuda aos seguranças, dado que, alegadamente, os jovens que foram agredidos, estariam a provocar distúrbios e a tentar roubar os jovens que saíam da casa.
A situação não é nova. Vítor, outro segurança "reformado", da Kapital, relembra: "Quantas vezes nos iam chamar à porta da Kapital para ajudar o namorado, o marido, o irmão de alguém que estava a ser agredido. E nós íamos ajudar. Nunca correu mal, graças a Deus, mas poderia ter corrido. É muito fácil falar de fora".