
O pai dos seus dois filhos faleceu agora.
Faleceu. Sinceramente, não o via há 30 ou 40 anos.
Foi ao funeral?
Não. Ele era casado com outra senhora. Tive pena, quando a minha filha me deu a notícia, e chorei.
Chorou?
Sim, chorei. Não estive a soluçar o dia todo, mas chorei. Tive pena, ele morreu com 91 anos, velhinho. Falei com ele durante uns tempos, mas depois o contacto passou a ser mais com a Eduarda.
Foi o segundo homem que mais amou?
[Longa pausa] Não! Gostei muito dele durante um tempo. Começou e acabou.
O facto de ele ter decidido ir para África ditou o fim da vossa relação?
Eu não quis ir para África. Disse logo: "Não vou!" Assim como fugi de casa, decidi não ir com ele para Moçambique. Estou arrependida? Não! Não me estava a ver com 23 anos e dois filhos bebés a viver numa tenda no meio do mato.
Provavelmente não era a Simone que conhecemos. Seria uma dona de casa e cheia de filhos.
Ai, sim, se tivesse continuado com aquele senhor, teria mais filhos com toda a certeza [risos]. Chorei pelo pai dos meus filhos como chorei pelo Henrique [Mendes], como chorei pelo Varela [Silva]. Por esse ,então, chorei três anos.
Com a cabeça tapada com uma toalha.
Sim, para os vizinhos não me ouvirem a soluçar. Foi complicado. Todos os dias deixo uma luz acesa porque me dizia, quando eu saía, para lhe deixar a luz acesa. Ela continua acesa. Há 26 anos.
Recorde um dos temas mais famosos de Simone, A Desfolhada.