A Interpol emitiu um mandado de captura internacional com vista à captura da empresária Isabel dos Santos, a filha mais mediática de José Eduardo dos Santos
De acordo com um documento daquela organização internacional de polícia criminal, a filha do antigo presidente angolano, falecido em julho deste ano, é suspeita de desvio de fundos e branqueamento de capital quando exerceu o cargo de CEO da petrolífera angolana Sonangol.
O mandado da Interpol surge na sequência de uma ordem de detenção internacional solicitada pela Procuradoria da República angolana datada do passado dia 3. Isabel dos Santos, recorde-se, chegou a ser acionista de referência do BPI, BIC, NOS, Galp e Efacec. Isabel dos Santos já reagiu e disse que as autoridades sabem qual é a morada dela.
Investigação nos Países Baixos
Esta semana soube-se também que uma investigação de um perito Tribunal de Amesterdão, nos Países Baixos, concluiu que o alegado "desvio" de 52,6 milhões de euros da Esperaza, participada da Sonangol, baseou-se em deliberações com datas "falsas", pelo que são "nulas". A investigação, cujo relatório preliminar foi divulgado no início de novembro, concluiu que o alegado "desvio" para empresas de Isabel dos Santos terá sido feito com base em deliberações "nulas", porque essencialmente terão sido tomadas posteriormente à destituição da empresária do cargo de presidente da Sonangol.
Segundo o investigador, a empresária terá realizado atos jurídicos em nome da petrolífera angolana, enquanto desempenhou aquele cargo, que beneficiaram empresas suas, "num óbvio conflito de interesses", porque ela e o seu marido Sindika Dokolo (entretanto falecido) eram os beneficiários efetivos da Exem, empresa para a qual foi canalizado o montante em questão.
Avisos da procuradoria angolana
Também na passada semana o Procurador-Geral da República de Angola, referiu-se publicamente a Isabel dos Santos na sequência da indisponibilidade da empresária para prestar declarações à justiça. Facto que, segundo a justiça angolana, tem atrasado os processos judiciais, já que foram dadas "todas as oportunidades" à empresária.
"O processo está praticamente concluso, tivemos uma questão que, de certa forma, retardou o processo que é o facto de ela nunca ter sido ouvida, já que deveria ter sido interrogada na condição de arguida", disse Helder Pitta Gróz à Lusa, à margem de uma cerimónia de tomada de posse de 30 novos sub-procuradores da justiça.