
A TVI está com um enorme problema às 7 da tarde. Recordemos, para benefício do espectador, a quem nos cabe servir e para quem tentamos descodificar os principais movimentos televisivos: trata-se de uma faixa essencial para a conquista do horário nobre, porque é a essa hora que uma enorme multidão de portugueses chega a casa e escolhe o canal que vai ficar ligado na sala, pelo menos até ao jornal das 20 horas, muitas vezes até ao fim do serão.
Porque, não haja ilusões, é assim que se comporta o público da televisão generalista. Produto forte às 19 horas é meio caminho andado para a tranquilidade de um projeto – a RTP1 aí está para o provar, que praticamente só tem bons resultados nesse horário, com O Preço Certo, de Fernando Mendes, mas isso, sendo muito pouco, chega mesmo assim para dar energia e manter a cabeça à tona da água (sem O Preço Certo a média diária da RTP1 desceria uns 10% adicionais). Ora, o fracasso de Cristina Ferreira, a bater sucessivos mínimos de audiência no ComVida, e com tendência constante de queda, cria à TVI um novelo difícil de desfazer. Para poder subir, terá de acabar com o programa, mas acabar com o programa representará o fracasso final de quem tem a responsabilidade de fazer subir o canal.
INFORMAÇÃO - CHEGA
O conjunto de reportagens que a SIC tem emitido sobre o partido Chega e o líder, André Ventura, é de enorme qualidade, com muita informação nova e relevante, e justifica uma atenção redobrada aos circuitos do dinheiro e de ideias em redor dos movimentos extremistas que crescem em Portugal. Porém, a insistência e as repetições da temática, se absolutamente legítimas, como é óbvio, num projeto jornalístico, fazem perigar o limiar, sempre impreciso, entre a atenção e a indiferença do espetador, que pode ser levado a confundir a investigação jornalística com o mero, e neutro, ruído da repetição. Pedro Coelho, um jornalista com provas dadas, deve ter cuidado com a excessiva aposta monotemática, que até pode nem ser da sua responsabilidade.
PROGRAMAÇÃO - LINHA ABERTA
Quando abandonou o jornalismo, transformou-se num bom comentador de segurança. Conhecedor da área ao longo da sua carreira, juntou um tom mais assertivo à comunicação, e ganhou um lugar muito próprio nos programas de day time. Faz sempre grandes resultados, pelo que lhe foram sempre entregues os horários mais difíceis na SIC, mesmo nos tempos de Júlia Pinheiro de manhã. Agora tem um programa próprio depois de almoço, e cumpre os objetivos com enorme profissionalismo: a linguagem aproximada ao jornalismo, com reportagens e comentários em estúdio, faz com que funcione na prática como uma espécie de prolongamento do Primeiro Jornal. É um elemento essencial na grelha da SIC.
SOBE - NUNO ANDRÉ FERREIRA
Um fotojornalista de eleição, agora reconhecido mundialmente com o terceiro lugar no World Press Photo, e que também faz televisão, tratando de colocar a fotografia em movimento, como repórter de imagem. A sensibilidade é uma linguagem própria para a captação da realidade, e isso acontece seja em que meio for. Está de parabéns. Portugal pode esperar muito dele.
SOBE - JOSÉ ALBERTO CARVALHO
Conseguiu fazer uma boa entrevista a José Sócrates, apesar da hostilidade do entrevistado e da tentativa permanente de fazer da fuga às questões a principal arma para tornear os temas mais difíceis. Sabendo-se a dificuldade de JAC na entrevista, é justo reconhecer a qualidade desta prestação, uma das melhores que já conseguiu na sua longa carreira.
SOBE - SOFIA ARRUDA
A atriz diz que ficou vários anos sem trabalho numa estação por recusar uma situação de assédio. Sucessivos gritos de alerta, nos últimos tempos, indiciam que, por baixo da superfície, há todo um universo de supostas situações abusivas na indústria televisiva. As denúncias pecam, para já, pela falta de concretização, mas são um sintoma relevante. As palavras de Sofia Arruda devem ser escutadas com atenção.