
Toda a encenação do triunfo nas eleições francesas foi preparada ao pormenor. As imagens do percurso até ao palco foram recolhidas pelos serviços da candidatura e entregues às televisões – que fizeram questão de o assinalar no ecrã, para se demarcarem da construção do mito através deste espetáculo televisivo. A mensagem pretendida é a transformação do presidente reeleito num homem comum, capaz de agregar ao seu redor o multifacetado povo francês. Macron e a mulher de mãos dadas, com uma multidão atrás, jovens de idades diversas, fizeram a passo o caminho até ao palco, com a torre Eiffel em fundo – escolhida por ser um símbolo universal. Simples, sem pompa, tudo certamente pensado ao milímetro – como o som dos passos em cima da gravilha demonstra, ao ecoar lado a lado com o hino da Alegria, ou da Europa.
No palco circular, rodeado de gente por todo o lado, a torre passou a alternar no cenário com a bandeira francesa a enquadrar o rosto de Macron, filmado de baixo para cima, ao nível de todos nós, mortais. Parecia uma simples celebração da vitória eleitoral, mas na verdade era alta política. O presidente Macron, no último mandato, quer construir o mito de homem simples, do povo, decidido a unir a França e os franceses. Se tiver sucesso, poderá endossar o carisma a alguém que consiga voltar a travar Le Pen, nas próximas eleições.
PROGRAMAÇÃO - IMPASSE
Um cenário de empate total é o que se prefigura entre a SIC e a TVI. A primeira novela da noite é da TVI? A segunda é da SIC. As tarde de Goucha ganham vantagem? Hêrnani Carvalho, na SIC, recupera a força que já teve. A TVI tem o melhor formato de entretenimento, o 'Big Brother', mas desgasta-o por excesso de uso? A SIC tem dois mais fracos, 'Ídolos' e 'Casados', mas trabalha-os e defende-os melhor. Neste cenário, a vantagem da SIC, a subsistir, continuará a vir da informação, quer às 13h quer sobretudo às 20 horas. O impasse está a instalar-se no mercado.
INFORMAÇÃO - INFORMAÇÃO
A guerra na Ucrânia é infame e será um peso para a Rússia durante gerações, como o foi a Segunda Guerra para a Alemanha. O conflito trouxe inúmeras lições para o mundo – militares, geoestratégicas e políticas. Neste espaço, cabe realçar a relação de Zelensky com a televisão, e como ele ergueu a resistência de um povo e conseguiu influenciar o julgamento do mundo. A conferência de imprensa no átrio de uma estação de metro, com carruagens a passar, metro que albergou civis durante os bombardeamentos, é um marco na comunicação política em tempo de guerra.
SOBE - SÉRGIO CONCEIÇÃO
A meia-final da Taça foi o programa mais visto da semana e deu tal vantagem à TVI que reabriu a luta com a SIC pela vitória no mês. A imagem da Taça é o treinador do Porto, prestes a consagrar-se como um vencedor consensual entre nós.
No final do discurso de Zelensky no Parlamento, coube a esta jovem líder comunista acentuar a tendência suicida do PCP, um partido que fez parte da nossa História ligado à Rússia e que definha por causa da Ucrânia. O PCP acabou naqueles minutos em que falou Paula Santos.
DESCE - JERÓNIMO DE SOUSA
Não contente com o triste espetáculo dado pela jovem líder parlamentar, poucos dias depois, em Beja, o experimentadíssimo secretário-geral do PCP balbuciou umas enormidades sobre o que se passa na Ucrânia. Uma declaração engasgada que entra para a História ao lado do "é só fazer as contas" de Guterres.