
Sabendo-se que ele era um radical, a quem as autoridades religiosas muçulmanas belgas recusaram a entrada, não se percebe como os espanhóis permitiram que líderes radicais façam doutrinação contra o seu povo.
Segundo informações vindas a público, por detrás do bando de assassinos que matou a eito nas Ramblas de Barcelona estará um líder religioso, chamado Abdelbaky Es Saty, que não só procedeu à radicalização dos jovens terroristas como esteve na preparação do ataque contra a Sagrada Família, património da Humanidade, e que apenas foi frustrado por ter explodido a casa onde preparavam as bombas assassinas. Aquele indivíduo morreu na explosão. Era o Imã de Ripoll, cidade de onde eram naturais alguns dos terroristas.
É sabido que o Estado Islâmico tem a fonte de inspiração no jihadismo salafita, corrente de pensamento ultra-conservadora, cuja prática se traduz na perseguição e morte a quem eles consideram inimigo do Islão, incluindo a maioria dos muçulmanos sunitas, xiitas, e cristãos. Sabendo-se que o Imã da mesquita era um salafita radical, a quem as autoridades religiosas muçulmanas belgas recusaram a entrada na sua comunidade, não se percebe como as autoridades europeias, nomeadamente as espanholas, permitem que líderes radicais façam doutrinação contra os inimigos do seu próprio povo.
Sejamos claros. O exercício da Liberdade e da luta pelos direitos humanos é marcadamente tolerante. Nem fazia sentido que fosse de outro modo. A liberdade de pensamento, de expressão, de acção são a alma sagrada da democracia e do Estado de Direito. Mas tem um limite moral. A impossibilidade de retirar a vida a outrem, ainda que pense de forma contrária. É o crime mais grave de qualquer política criminal. Já se viu, os últimos 15 anos mostraram-no até à sociedade, que os militantes dos Estado Islâmico, seja qual for o país do mundo, pautam a sua atitude pelo ódio sem reservas e sem limite. Matam a eito. Não lhes interessa a luta política. Não lhes interessa a luta ideológica. Não lhes interessa outra coisa que não seja matar. Com qualquer arma. Seja quem for. A bárbaros desta natureza não se pode aplicar a tolerância imanente ao valor da Liberdade porque põe em causa o bem absoluto da vida. Muito menos permitir que a usem para instigar mais ódio e morte através de doutrinação grosseira. Tem razão o Imã da mesquita de Lisboa, o Imã David Munir: É preciso correr com quem prega a violência. Seja em que palco for.