
Nós já conhecíamos o método Gustavo Santos. Quem? Gustavo Santos, aquele giraço que participou num ‘reality show’ e depois se tornou, durante anos, apresentador do ‘Querido Mudei a Casa’, até ao dia em que quem mudou foi ele, partiu para o campo profundo e se tornou ‘coach’ motivacional. Gustavo fez uma opção nómada de vida, optou pela natureza, pelas raízes, escreveu livros, apaixonou-se, desapaixonou-se, deu umas tampas na televisão e seguiu em frente com as suas palestras, onde não tem mal nenhum dizer "merda" e deitar cá para fora todas as arrelias do dia a dia.
O que tem Gustavo Santos em comum com Cristina Ferreira? Bem, além de terem "crescido" na mesma televisão, a TVI, os dois, em determinado período da sua vida, passaram a estar mais preocupados com o "eu" – que é como quem diz, "eu mereço, eu posso, eu consigo, eu sou capaz", naquela lógica de empoderamento, aquela palavra tão na moda agora, que significa capacidade de acreditar e fazer – e com o "nós". "Nós" porque, em bom jeito cartesiano, depois de descobrir que "eu penso, logo existo", descobre-se a nós e também a divindade Deus. Onde é que esta descoberta geral acontece? Em palestras, claro. No caso recente da diretora de Entretenimento e Ficção da TVI, nas suas Cristina Talks, inspiradas nas palestras e Oprah Winfrey.
No passado fim de semana, Cristina Ferreira voltou a encher uma grande sala, desta vez a Altice Arena, com cerca de 10 mil pessoas. Ali, todas elas, por um bilhete mais barato do que no futebol, tiveram direito a saltar, a chorar, a dar abraços, a pensar um bocadinho na vida e até a ouvir os oradores, com Cristina como cabeça de cartaz, a surgir em apoteose após os artistas convidados. Ninguém saiu dali a achar que os 19 euros não valeram a pena. Podia não ser um concerto do Toy ou do Tony Carreira, mas deu para animar o fim de semana entre idas ao supermercado e festas infantis dos amigos dos filhos.
Posto isto, deixo uma sugestão aos dois palestrantes: unam-se! Juntos são mais fortes. Além de que os seguidores poupam uns trocos (que faltam lhes fazem) e ainda gozam.