
Enquanto luta contra uma doença "má", João Catarré remeteu-se ao silêncio. Protagonista da novela de horário nobre da SIC, 'Sangue Oculto', com outra novela a passar em repetição onde também é figura principal, 'Terra Brava', Catarré terá preferido ser um anónimo a travar a sua batalha sem o foco das luzes a incidir.
Não é fácil ser figura pública. Nada. Muito menos para aqueles que gostam de trabalhar, são excelentes no que fazem, mas não têm paciência para aturar o que ser "reconhecido", amado e odiado e, cada vez mais "escrutinado" implica. A fama é complicada. Adora-se ou abomina-se. Há um lado bom em ser reconhecido no restaurante, parado pelas velhinhas e crianças que pedem autógrafos, receber elogios da crítica e, de vez em quando, do público. Ao mesmo tempo todos esses "extras" podem tornar-se perversos. E não falo só das redes sociais: o "buraco" é muito maior e perigoso.
Um destes dias ouvi um rapaz contar, sem pudores, em público, que já tinha ficado horas à porta de uma figura conhecida para pedir um autógrafo e uma ‘selfie’. O que faz alguém perseguir um famoso assim? Observar a sua privacidade, pressionar para aparecer junto? Poder-se-á dizer que isso não tem nada de mal, que isso é ser fã, ter um ídolo e que esse também é o preço de ser famoso: ser "querido" para os admiradores. Mas será mesmo assim? Onde começa a vida privada e termina a pública?
Vamos a exemplos: Catarina Furtado nunca mostrou os filhos. Vi-os de costas, pela primeira vez, na semana passada, numa imagem publicada na sua rede social Instagram. A apresentadora nunca os mostrou e eles nunca foram fotografados. É um direito que ela e eles têm: à privacidade. Cristina Ferreira não mostra o filho, Ana Rita Clara também não. Só para citar nomes óbvios.
De forma que, quando são colocados na balança os pesos das benesses e aborrecimentos de ser figura pública ou, se quisermos ser mais românticos, de ser "famoso", garanto que a balança não tomba igual para todos os que estão nesse estatuto. Provavelmente é preciso ser muito ingénuo ou deslumbrado para acreditar que ser reconhecido é que é bom. Não é. É uma ilusão, tal como a própria fama, que se limita a ser como uma montanha russa: insegura.