
Um ano depois, nada do que se possa dizer faz grande sentido. Uma vida perdeu-se na autoestrada do Norte, numa noite de temporal, alegadamente num momento em que nem chovia (mas isso pouco ou nada interessa para o caso), uma família ficou desfeita e o caso seguiu para as autoridades competentes investigarem e averiguarem o que se terá passado para que se desse a tragédia.
A vida perdida foi a de uma menina/mulher, a mais nova de uma família de músicos sobejamente respeitada no País. O choque que provoca a perda de alguém em tão tenra idade, com um futuro lindo desenhado pela frente, consternou ainda mais a opinião pública por ser quem era. E por ter acontecido naquelas circunstâncias, de forma tão estúpida, mostrando que controlamos zero da nossa vida, que de um momento para o outro tudo pode mudar.
Mudou para os Carreira desde a perda de Sara. Mudou o olhar, o brilho deu lugar a lágrimas, a incompreensão. Por que razão não eram encontradas respostas, não havia fatos, dados, algo real que pudesse dar uma explicação ao que aconteceu. E os dias foram passando, e o tempo avançando e nada mudava. A dor era a mesma. David, que sempre fora tão próximo da irmã mais nova, puxava pela família, fazia da dor força e alentava os seus: o irmão mais velho, Mickael, os pais. Houve muita dor ao longo deste tempo, sustos pelo meio – o pior de todos o ataque cardíaco do patriarca Tony – que felizmente conseguiu ser tratado a tempo; houve momentos felizes protagonizados pela pequenina Beatriz, filha de Mickael, a nova alegria da família, e houve a Associação Sara Carreira – que transformou a tragédia em esperança para quem sonha um futuro melhor. É nela que os Carreira têm trabalhado, é na sua progressão que depositam muito esforço. Houve também, enfim, o regresso aos palcos de Tony, numa imensa homenagem à filha que começou no verão - depois do susto – e teve ponto alto no passado fim de semana, entre lágrimas de saudade e de agradecimento a todos os fãs.
Nada disto apaga o que aconteceu. Nada faz esquecer. Nem sequer as respostas, quando chegarem, farão. Mas os Carreira sabem que Portugal os tem no coração. E esse amor é incondicional. E, pelo menos, ajuda.