
Há pessoas que não aprendem. Décadas a tentarmos entender como funciona o amor. A tentarmos transformar os ridículos casamentos em que duas pessoas se juntavam apenas porque as tias diziam que ele era rapaz trabalhador e ela muito limpinha. Mas depois, a cada ano que passava, aumentava a distância, e no casamento dos filhos beijavam-se outra vez passados 20 anos. Estes eram os antigos amores, se não for ofensa dar-lhes este nome. Hoje, duas pessoas sentem-se atraídas, começam a conhecer-se e talvez se apaixonem, e se entendem o mundo de forma semelhante, poderão fazer um bonito casal unido pelo amor. Mas só com o tempo se descobre. É um processo de tentativa e erro. E o último amor será para sempre. Sei que esta transformação ainda não é geral. Ainda vemos, ao domingo, mulheres nos corredores do shopping sozinhas com os filhos, e as sogras continuam a ser responsabilizadas pela raiva que muitas mulheres sentem pelos maridos.
Não percebem que é a frustração de um casamento de mentira que lhes traz a raiva que sentem, a sogra não tem culpa desta história. Infelizmente, ainda temos mulheres que agarram os filhos como único afeto, porque a emoção pelo homem com quem cansaram acabou no dia do casamento. Infelizmente, esta triste realidade fica cada vez mais no passado. Mas ainda não é história. O desvario com que algumas pessoas lidam com o dito namoro entre a Bruna e o Bernardo mostra gente embrulhada nessa estranha forma de entender o amor. Ela a pensar na beleza do Brasil, ele ansioso por retomar os ralis.
Mas as fãs insistem em saber para quando o casamento e que nome darão aos filhos, e outras tantas loucuras. Com um sorriso amarelo, o casalinho tenta fugir à pergunta. Pergunto-me há quanto tempo esta gente não recebe um abraço ou um beijo. E só consigo imaginar que desde o tempo da ditadura. Confesso que sinto pena. Não da Bruna nem do Bernardo, que certamente saberão seguir os seus caminhos. Mas desta pobre gente, que deixa passar os anos que a vida lhes deu, afundadas em utopias, sem nunca descobrirem a beleza doce da paixão, do amor e do sexo, que poderiam sentir na própria alma e no corpo. Em vez disso, fantasiam a vida de outros, obrigando-os a querer o que eles não querem. E à noite só lhes resta sentarem-se ao lado do gatinho, que já nem suporta que o toquem.