
Uma criança brinca com uma batata,
é uma nave especial, tem super-poderes, sabes?, daqui a nada levanta voo e vai descobrir o Planeta do Amor,
e há tanto filho da puta no mundo,
ao lado um avô chora,
é tão bonito o meu neto, não é?, quando era pequeno queria ter uma criança feliz em mim,
e agora tenho-a,
e há tanto filho da puta no mundo,
um casal que se apaixonou ontem ama como se não houvesse amanhã,
amo-te tanto,
amo-te tanto,
queres ser minha para sempre e depois também?,
quero, e espero que esse depois demore muito, prometes?,
amo-te,
eu é que te amo,
não, eu é que te amo,
eu é que amo,
eu,
eu,
um abraço que não acaba,
um abraço com o corpo todo erguido para o ver passar, para o sentir passar,
e há tanto filho da puta no mundo,
inventou-se a cura para tantas doenças que matam,
menos para o ódio,
e a inveja,
a inveja é a parte hipócrita da maldade, uma maldade falsa,
e talvez a mais verdadeira das maldades todas,
quem consegue amar é genial, e quem consegue ser amado por quem ama é um milagre,
e sou tão feliz quando vejo pessoas assim,
como pode haver quem não fique?,
amo quem ama,
como não amar?,
amo quem é amado por quem ama,
como não amar?,
só não amo quem desama, quem inveja o amor dos outros,
só tenho inveja de mim quando estou feliz,
e depois só isso chega para me fazer feliz outra vez,
os infelizes são maus,
e por isso infelizes,
ou são maus,
e por isso infelizes,
a infelicidade é uma forma de vitimização, por mais infelicidade que a vida nos traga, e traz tanta, a miserável,
mas existe a criança com a batata na mão,
é uma nave especial, tem super-poderes, sabes?, daqui a nada levanta voo e vai descobrir o Planeta do Amor,
e o avô que chora,
é tão bonito o meu neto, não é?, quando era pequeno queria ter uma criança feliz em mim, e agora tenho-a,
e o casal que se apaixonou ontem,
amo-te tanto,
amo-te tanto,
queres ser minha para sempre e depois também?,
quero, e espero que esse depois demore,
amo-te,
eu é que te amo,
não, eu é que te amo,
eu é que amo,
eu,
eu,
e há tanto filho da puta no mundo.
Onírico: adj. Diz-se daquilo que separa os vivos dos outros. Em cada dez pessoas com vida há no máximo uma ou duas a viver; agora pensa: de que lado estás tu?