
Nas últimas semanas, as polémicas que atiraram o Sporting para a lama arrastaram também quase sempre Bruno de Carvalho. O presidente leonino, não obstante o buraco negro que todos os dias suga credibilidade ao clube, teima em estar na berlinda em todos os momentos.
Dos mais prementes, passando pelos mais polémicos, até aos mais frívolos, lá está Bruno de Carvalho a tomar conta da palavra por tempo indeterminado, isento de quaisquer responsabilidades e a apontar o dedo à imprensa.
"A culpa é da televisão! Se não lhe dessem tempo de antena nada disto acontecia." Este desabafo – que tantas vezes ouvi desde que a Academia do Sporting foi invadida no dia 15 de maio – corre o risco, nos próximos tempos, de se tornar numa verdade absoluta.
A televisão, como qualquer outro órgão de comunicação social, tem o dever de informar e não pode jamais sanear conferências de imprensa cujo interesse público é irrefutável; em momento algum pode contribuir para que as notícias deixem de chegar aos espetadores. Para memória futura deve ficar registado que a culpa da agitação, da angústia e da indefinição que se sente no Sporting não pode ser imputada à televisão ou a qualquer jornalista que se limita a fazer o seu trabalho.
Bruno de Carvalho, entre muitas outras tentativas para tentar mitigar a gravidade do autêntico episódio de terror vivido por jogadores e equipa técnica, afirmou que "o crime faz parte do dia a dia". Foi também ele que apontou o dedo à imprensa e qualificou a cobertura jornalística dos factos que têm marcado a atualidade do grande de Lisboa como "um ato criminoso e hediondo".
No dia em que a notícia, sem filtros, desprovida de condicionalismos deixar de fazer eco e chegar aos cidadãos, aí sim, a culpa será da televisão.