O dia mais trágico de Sónia Brazão. Bombeiros deparam-se com cenário de horror no apartamento da atriz: "Não me ajudem. Eu quero morrer"
Foi há 12 anos que Sónia Brazão foi levada de urgência para o hospital, depois de uma explosão de gás no seu apartamento em Algés. Ficou com 88 por cento do corpo queimado e acabaria condenada a uma pena suspensa em tribunal por ter ligado, intencionalmente, os quatro bicos do fogão com o intuito de pôr termo à vida. As marcas do acidente vão ficar para a vida, mas desde então a atriz tem cuidado da saúde mental e garante que reaprendeu a viver.
O dia mais trágico de Sónia Brazão. Bombeiros deparam-se com cenário de horror no apartamento da atriz: "Não me ajudem. Eu quero morrer"
O alerta recebido pelos bombeiros pouco depois das 17 horas do dia 3 de Junho de 2011 dava conta de um cenário delicado: tinha havido uma forte explosão no quarto andar de um prédio em Algés, eram reportados vários feridos, veículos danificados e o apartamento onde ocorrera o incêndio estava consumido pelas chamas. O socorro foi rápido e quando os bombeiros subiram, de par em par, as escadas de acesso ao prédio confirmaram o cenário de horror.
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Foi este o cenário encontrado pelos bombeiros quando chegaram à casa de Sónia Brazão
Nas escadas estava uma mulher, na casa dos 30 anos, caída, e que inicialmente não reconheceram como sendo a atriz Sónia Brazão devido ao estado em que se encontrava: tinha quase 90 por cento do corpo com queimaduras de segundo e terceiro graus e corria risco de vida. Ainda assim, estava consciente e respondeu a algumas questões dos bombeiros, que posteriormente foram transcritas na investigação levada a cabo pela Polícia Judiciária. Visivelmente perturbada, terá pedido a um dos elementos da corporação para não lhe prestar socorro. "Deixe-me morrer. Não me ajude. Eu quero morrer", implorou, equanto era levada para a ambulância que a levaria para a Unidade de Queimados do Hospital de São José, onde passou mais de um mês em tratamentos e, numa fase inicial, teve de lutar pela vida, não conseguindo respirar pelos próprios meios.
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Vários veículos ficaram danificados devido à explosão
"Estive um mês e meio internada. Os médicos disseram à minha mãe que seriam pelo menos dois anos. Sou um milagre, um milagre da ciência. Não é um acontecimento comum. Morre muita gente na unidade de queimados. É um sofrimento muito grande, por vezes não temos capacidade de resistir", disse vários anos depois da explosão que quase lhe roubou a vida, acrescentando que passou a dar valor a coisas simples da vida como o ato de respirar.
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Esta era a imagem da atriz ao deixar o Hospital de São José
Escreveu-se que, na altura com 37 anos, Sónia Brazão estaria a passar por uma fase depressiva devido à falta de trabalho em televisão e outras questões da sua vida privada. Os últimos meses já haviam sido conturbados e a mãe mostrava a preocupação com o estado de saúde da atriz, revelando que esta tinha tentado fazer "algumas asneiras". Mais tarde, viria também a saber-se que Sónia já tinha um historial associado à depressão, tendo em 2005, tentado saltar de uma janela, sendo-lhe diagnosticado um transtorno depressivo e tendo começado a receber acompanhamento psiquiátrico.
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Sónia estava a passar por uma fase delicada com os problemas a agravarem-se com a falta de trabalho
No seu pior momento, Sónia Brazão acabaria por tentar pôr termo à vida, provocando, intencionalmente, uma explosão de gás no seu apartamento. Em tribunal - onde a atriz foi condenada a três anos de prisão com pena suspensa e ao pagamento de várias indemnizações pelos danos e ferimentos causados - ficou provado que ligou os quatro bicos do fogão que ficaram a verter gás durante cerca de três horas, sendo que o ligar da máquina de lavar roupa serviu de ignição à tragédia que se seguiu. A atriz estava ainda alcoolizada, com uma taxa de álcool no sangue de 4,27 g/l, tendo ainda detetado opiáceos (que podem ser explicados pela dose de morfina administrada na chegada ao hospital) e ansiolíticos.
Apesar da constatação dos factos, que foram dados como provados em tribunal, Sónia nunca assumiu que pretendia pôr termo à vida e sempre defendeu a tese de que tudo foi um acidente. Disse aos investigadores que se tinha deitado com o gato de madrugada e que acordou com a explosão e "envolta numa bola de fogo". No entanto, a atriz estava sozinha, nenhuma outra pessoa passou pelo apartamento, pelo que não foi encontrada outra explicação para todos os bicos do fogão terem sido deixados a verter gás.
Após a condenação em tribunal, o compromisso foi de que, pelo menos durante o tempo em que decorria a pena, Sónia Brazão tivesse apoio psicológico constante.
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Sónia Brazão tinha 37 anos quando a sua vida mudou
UMA NOVA VIDA LONGE DA TELEVISÃO
Há 12 anos, ainda não se falava como nos dias de hoje de saúde mental, mas é inegável que Sónia deu vários sinais de que alguma coisa não estava bem na sua vida até ao fatídico momento em que tentou pôr termo à vida. Acabou por ser um ponto de viragem na vida da atriz, que procurou ajuda, se centrou na recuperação e demonstra hoje estar muito mais serena e numa fase mais tranquila da vida, sem nunca esquecer aquilo que aprendeu com o passado.
"Quando se está numa cama de hospital, numa unidade de queimados, a nossa cabeça viaja e pensamos em como vamos ficar... Pensamos nas piores coisas. E é possível ficarmos bem, há tantos tratamentos...", disse, numa conversa com Manuel Luís Goucha, acreditando que terá de fazer terapia "para o resto da vida" e que tudo acontece por algum motivo.
Sónia Brazão, 10 anos depois da explosão que mudou a sua vida
"Quase já não se nota. Ultrapassa-se a aceitar, a vida levou-me aqui para alguma coisa, nem que fosse para me reencontrar, para me levar para perto da minha mãe. Encontrei gente maravilhosa na unidade de queimados. É uma etapa da nossa vida, como a de outra pessoa passa por um cancro", explicou. Mostrou também, nas redes sociais, as marcas com que ficou no corpo e garantiu que aprendeu a aceitar a sua nova imagem que lhe relembra constantemente o lugar onde não quer voltar.
Sónia Brazão mostra-se de biquíni e exibe as cicatrizes sem vergonhas
Hoje, Sónia continua longe da televisão e garante ter um emprego fora da área, como administrativa, no entanto, admite que não guarda mágoas pelo facto de não ter lugar na caixinha mágica e que aprendeu a viver a sua nova realidade e a aceitar coisas que no passado lhe eram mais custosas.
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