
Pedro Jorge da Cunha, jornalista do 'MaisFutebol' resolveu fazer um relato verdadeiramente impressionante de tudo o que passou a partir do momento em que foi infetado com o novo coronavírus.
"No início pareceu-me tudo benigno. Leves dores musculares, cansaço generalizado, peso na cabeça. Nada que o paracetamol não fosse capaz de resolver. De 16 a 18 de março, os sintomas não passaram disto. Fui aguentando, pensando que ‘a mim não acontece nada’ e que o dia a seguir seria melhor ou menos mau", escreveu na crónica 'Chuteiras Pretas', que assina no site 'Mais Futebol'.
"No final do quarto dia surgiram os primeiros arrepios e avisos de febre, como se o alarme orgânico tivesse disparado e alertado o meu instinto de sobrevivência", continuou.
"Dos 37,5 passei em 24 horas para 39,2 graus. Se algum médico me tivesse dito nessa altura que eu tinha contraído malária, acreditem que me pareceria um diagnóstico verosímil. Nunca me senti tão quente, tão suado e ao mesmo tempo com tanto frio no meu corpo. Adormeci dezenas de vezes com o som dos dentes a tiritar", relata.
E prossegue: "Ao mesmo tempo que eu suportava a pior "gripe" da vida, a minha esposa (um beijo, Catarina, vamos ultrapassar isto) também geria os próprios sintomas. Completamente diferentes dos meus: dor de garganta, tosse e perda de olfato".
Nesta crónica ficamos ainda a saber que o casal tem em casa dois bebés: "Ah, sim, faltava dizer que perdemos completamente o olfato, ao ponto de deixarmos de pressentir as fraldas sujas dos nossos gémeos de dois anos e meio. Brutal, não?"
O relato ainda é longo e Pedro Jorge da Cunha acrescenta que não faz ideia do local onde ele ou a mulher foram contagiados.
O final da crónica faz pensar: "Estamos há 18 dias em casa e por aqui continuaremos. Não facilitem, não julguem que isto é um resfriadinho que só apanha os mais velhos. Tenho 41 anos, faço desporto três vezes por semana e não fumo. Na passada semana senti-me um moribundo à espera da Extrema Unção".