Não teve o filho, Felipe VI, nem a nora Letizia, com quem recentemente fez "as pazes" a seu lado. Nem sequer teve a mulher com quem partilhou a vida, Sofia, no seu último ato oficial. Não quis honras de Estado. Só sorrisos. Por isso, foi com muita emoção e num cenário que não poderia ter sido mais apropriado que Dom Juan Carlos - Juanito, como ficaria para sempre apelidade "em família" e pelos ente-queridos, desde os tempos do exílio o Estoril - se despediu da vida pública.
O rei emérito, de 81 anos, marcou presença numa corrida de touros em Aranjuez, cinco anos depois de abdicar da coroa a favor do filho, Felipe VI. Juan Carlos não fez uma despedida formal. Limitou-se a fazer o anúncio de que dia 2 (este domingo) faria a sua última presença pública oficial, explicando: "Acredito que tenha chegado a hora de virar uma nova página na minha vida."
E foi o que fez, no tom informal que sempre lhe foi conhecido. Rodeado pela irmã, a infanta Pilar de Bourbon, e a filha mais velha, infanta Elena, bem como alguns amigos mais próximos, Don Juan Carlos assistiu à corrida de touros e deixou-se fotografar com o seu habitual sorriso.
Daqui para a frente, o caminho está aberto a Felipe VI, que de há cinco anos para cá assume já as funções de monarca de Espanha. Don Juan Carlos deixa memórias de um rei apaziguador, que soube unir o país dividido. Mas que nunca soube conter os escândalos em torno da sua vida privada: casos de infidelidade, amantes "oficiais", até chegar à separação da mulher, a rainha Sofia.
