Foi um fim de semana em cheio para a cultura portuguesa além fronteiras. Raquel Tavares, Cristina Branco e Ricardo Ribeiro viajaram até Nova Iorque com mais de 100 músicos da Orquestra Sinfónica Portuguesa – sob a direção do maestro Jan Wierzba – para brindar o público norte-americano com uma noite dedicada ao fado de Amália Rodrigues e à sua ligação aos EUA enquanto embaixatriz da música portuguesa no mundo.
O concerto, intitulado 'Amália na América - Além do Fado', produzido pela Égide e pela OPART no âmbito da comemoração do 40.º aniversário da FLAD - Fundação Luso-Americana Para o Desenvolvimento - decorreu este sábado, dia 11, numa das mais prestigiadas salas do planeta: o Carnegie Hall, no coração de Manhattan.
Entre o repertório apresentado, incluiram-se canções como 'Rosa Branca ao Peito' ou 'Oliveirinha da Serra'. Destaque ainda para um momento comovente no final do concerto, quando uma gravação da voz de Amália ecoou pela sala.
Nas redes sociais, Raquel Tavares não escondeu a emoção e o significado de cantar num local tão emblemático para um público maioritariamente constituído por emigrantes e descendentes de portugueses.
"Há alguns minutos a tentar escrever alguma coisa sobre a noite de ontem... Não consigo. Fica tudo muito aquém do que gostaria de expressar. Por agora, fica apenas o meu profundo agradecimento a todos os que dela fizeram parte. Em especial, ao público que veio assistir e que tornou uma das salas mais emblemáticas do mundo, uma das mais acolhedoras de sempre. Muito obrigada", escreveu no dia seguinte.
De recordar que, em 2020, Raquel Tavares chocou os fãs ao anunciar que ia terminar a sua carreira na música por se sentir "profundamente infeliz" com a vida artística.
"Eu já estava incapaz há muito, muito tempo e fui para lá daquilo que é o limite", assumiu na altura, de lágrimas nos olhos, em entrevista a Cristina Ferreira.
"Chegava ao camarim e sentia que estava vazia. No último ano e meio, subia ao palco, muitas vezes, doente, fragilizada. Desculpem, mas eu não estava capaz. Quando acabava o concerto de duas horas já só me queria esconder. Tantas vezes eu tive de entrar dentro da carrinha, tapar-me com uma manta e chorar muito porque tinha miúdos pequenos que só queriam um autógrafo ou uma fotografia e eu não estava capaz de dar", continuou.
"Eu chego a casa e estou sozinha. Estou muito sozinha. Eu não construí nada. Eu parei e aos 35 anos, que faço depois de amanhã [11], e pensei: o que é que eu tenho? (...) Isto consegue ser uma profissão em que estamos rodeados de gente e estamos aos gritos e ninguém nos ouve. Pode ser uma profissão muito solitária (...) Eu estou dorida, estou profundamente infeliz por ter que tomar esta decisão", acrescentou ainda.
Felizmente, depois de três anos afastada dos palcos - durante os quais se estreou na representação e na apresentação televisiva - viria a mudar de ideias e a retomar a carreira na música.
