Na sala de audiência do Tribunal, em frente ao juiz, Leonor Poeiras, de 42 anos de idade, recordou todo o seu percurso na TVI, onde trabalhou durante 17 anos a recibos verdes. E a ex-apresentadora jogou forte, como contou a 'TV 7 Dias', entrando mesmo em detalhes que mostram um pouco os bastidores de uma televisão. "Bruno Santos [então diretor de Programas] disse-me que ia apresentar 'Quem Quer Casar com o Meu Filho?' e 'Cabelo Pantene'. Fui visionar o primeiro e achei graça, embora tenha assumido logo que podia suscitar polémica."
As gravações iniciaram-se no dia seguinte e Leonor Poeiras começou a não achar piada, depois de saber que a então administradora da Media Capital, Rosa Cullell, tenha pedido para a apresentadora "ir sexy e elegante". "Não é suposto dar-se esse tipo de indicações, sobretudo a administração. Os administradores não mandam recados", recordou em Tribunal, perante o seu advogado, o famoso Garcia Pereira.
O pior veio a seguir, quando chegou ao local de gravações. "Percebi que aquilo ia tomar um rumo diferente. Fiquei constrangida. As mulheres tinham todas muito mau ar e já estavam a ter comportamentos ordinários ainda antes de o programa começar. Estes concorrentes tinham transitado de outros formatos para este novo programa, formatos onde se promovem encontros sexuais. Para lhe dar ideia, uma delas até era prostituta. Não faço programas de baixo nível", garantiu Leonor Poeiras na sala de audiência, em frente ao juiz e respetivos advogados.
Mais à frente, outra polémica com o formato 'Quem Quer Casar com o Meu Filho?', que se revelou um fracasso de audiências na TVI. "Eu ridicularizava as concorrentes e na altura em que gravava não percebia isso", lamentou Leonor Poeiras, referindo-se ao dia da estreia como o "caos, o degredo, o buraco" na sua carreira: "Estava a ser humilhada. Propus, inclusive, mudanças de conteúdo para salvar o programa, que supostamente foram aceites, mas era tudo a fingir."
No processo judicial que Leonor Poeiras colocou contra a TVI, a apresentadora pede em Tribunal quase 1,3 milhões de euros. Tudo porque, em 2020, foi dispensada do canal sem qualquer fundamentação nem indemnização, depois de ter trabalhado sempre a recibos verdes durante 17 anos, tendo celebrado vários contratos de prestação de serviços.
