
O filho mais novo de Maria João Abreu e José Raposo, Ricardo Raposo, o André de 'Amor Amor', esteve no 'Alta Definição' e recordou a malograda atriz. O ator ainda hoje sente a falta da mãe, que morreu a 13 de maio do ano passado, e reconhece isso. "Choro todos os dias", confessou sem medo a Daniel Oliveira explicando que o faz sem o esconder, mesmo tendo dois filhos pequeninos.
Garantindo que desde o dia em que Maria João partiu, parte do seu coração "desapareceu", Miguel recorda-a com "carinho e muito amor". "Não sabia é que ela tinha feito bem a tanta gente", dizia, explicando que quando entrou no elenco de 'Amor Amor', sentiu uma onda avassaladora de carinho. "Via-se que tinham vontade de abraçar a minha mãe, mas na impossibilidade abraçaram-me a mim", disse.
Um dos grandes abraços veio de Rogério Samora. "Um dos dias vínhamos de braço dado e ele subtilmente falou da minha mãe. Por isso custou tanto vê-lo partir", dizia o jovem ator de 29 anos.
Comovido recordou ainda os últimos dias com a mãe, depois deste ter desmaiado nas gravações da novela 'A Serra', depois de ter rebentado um aneurisma. "Não há palavras para descrever os 13 dias de angustia que vivemos. Ia para o hospital todos os dias, com a Rita", contava. A esperança foi sempre foi muita mas esta acabou por não prevalacer.
O derradeiro momento
Ricardo ainda hoje guarda na memória o último momento que falou com a mãe. "Ela estava consciente depois da segunda operação, porque a primeira não tinha corrido bem. Ela pediu para ver os filhos, e a médica apesar de termos medo disse que ia aceder porque era um pedido de uma mãe. Lembro-me que estava muito sedada, mas mesmo assim tirou a máscara e disse que nos amava muito. Foram as últimas palavras que ouvi", recorda.
Depois foram dias a caminhar para o hospital sempre à espera de uma boa notícia. Ele, o irmão Miguel, o marido João Soares e o pai, José Raposo. Naqueles dias revela que à vez "dissemos poesia, cantámos, li-lhe um livro", conta. E no final do dia "iamos buscar os nosso filhos (dele e de Rita). Eles acabaram por ser um escape naqueles dias. Salvaram-nos naqueles momentos", contou explicando que a sua casa se tornou na altura o porto de abrigo da família toda. "A Rita depois arregaçava os braços e fazia comida para todos nós. Porque às vezes na angustia uma pessoa esquece-se de comer", relembrava.
Contudo Maria João Abreu acabou por não resistir. E Ricardo estava ao seu lado no último momento. Embora em coma "eu, a Rita e o João (Soares) cantámos a música favorita dela: o 'Black' dos Pear Jam. E quando acabámos deixámos de ouvir os aparelhos e foi...inexplicável. Ela estava a ouvir a música até ao fim... e depois ficou em paz".