
Há uns anos, Teresa Guilherme causou polémica com a frase "Quem tem ética passa fome". Na altura tudo corria bem no País. Tinhamos saído da Expo98 com estrondoso sucesso e o Euro2004 estava à vista. O dinheiro falava mais alto que as questões da ética. Essa era uma ideia que atravassava a sociedade em surdina. Teresa Guilherme apenas lhe amplificação.
Mas será que foi essa a verdadeira intenção da apresentadora quando proferiu aquelas palavras, lá longe em 2001? A frase foi recordada no 'Alta Definição' deste sábado, 9.
"Arrepende-se de ter dito que ‘Quem tem ética passa fome’?", perguntou Daniel Oliveira. "Eu não disse isso, caramba", reagiu Teresa Guilherme, que explicou o contexto da frase.
"Um jornalista do 'Público' – que eu já encontrei depois – foi ao meu escritório. Eu levava sempre uma marmita. Tinha pouco tempo, ele foi-me entrevistar e eu fui comendo. E, no fim, a minha Lurdes [empregada] tinha-me mandado uns morangos lindos e eu perguntei-lhe: ‘Tu estás sem almoçar, não queres uns morangos?’. E ele [respondeu]: ‘Não, não, é uma questão de ética, não vou fazer isso, estou a entrevistar’. Pronto, passou aquilo…", começou por descrever.
"Entretanto, acompanhei-o à porta, que era o que não devia ter feito e eu disse: ‘Estás cheio de fome’. E ele: ‘Por acaso, estou cheio de fome’. Já tinha acabado a entrevista. ‘Pois, devias ter aceite aqueles morangos’. E ele disse: ‘Não, não podia’. E eu: ‘Pois, quem tem ética passa fome’. Era sobre os morangos, não era sobre quem tem ética passa fome, se não estava eu a menina mais gordita, porque eu tenho imensa ética. Infelizmente, a ética saiu de moda", esclareceu.
"Se ele teve ética? Não, porque aquilo não estava gravado, não foi durante a entrevista e já tive esta conversa com ele. Tive naquela altura que lhe chamei vários nomes ao telefone, provavelmente, eu já não me lembro, mas que lhe telefonei, telefonei. E depois já o encontrei, pelo menos, uma vez na minha vida e tivemos essa conversa. (…) A falta de ética foi dele", apontou Teresa Guilherme.