
António Guterres corre risco de vida? Luís Osório acredita que sim. Na crónica que escreveu para o 'Jornal de Notícias' o escritor enaltece a postura do secretário-geral da ONU em relação ao conflito em Gaza. "Guterres terá a vida ameaçada até ao último dia" é o título dessa mesma crónica que começa assim: "Em Nova Iorque, Guterres reuniu a maioria dos países do Mundo para discutir a importância da paz no Médio Oriente, mas também a obrigação de não abdicarem do combate pelo que está certo, de lutarem pela solução dos dois estados que parece hoje uma infantil utopia."
Continua Osório: "O secretário-geral continua a fazer o seu caminho de D. Quixote, o que nos deve orgulhar enquanto portugueses. Muitas vezes sozinho, tantas vezes com Sanchos Panças ao lado e moinhos de vento mais ameaçadores do que qualquer fábula de Cervantes" considera o escritor para continuar: "Penso em Guterres, nos tantos que o criticaram com adjetivos que o rotulavam de cobarde, indeciso, fala-barato, inócuo, pantanoso. Lembro-me de alguns dos que o definiram, malta que não arriscaria a possibilidade de perder a assinatura da Netflix, quanto mais a própria vida."
Os elogios a António Guterres prosseguem: "É possível que não tenhamos a ideia do seu papel, das pressões e ameaças que o agridem assim que acorda. Não sei qual o seu estado de espírito, mas aconteça o que acontecer, Guterres terá sempre a vantagem de uma consciência limpa, sabendo que em troca nunca mais terá a tranquilidade de poder ir comer umas tripas à Nanda, na Rua da Alegria, sem precisar de olhar para trás das costas."
E termina Luís Osório: "Nem que fosse pelo respeito pela sua coragem, pela honra de ser português e de não ter medo, pela força da nossa diplomacia nestes anos de cólera, nem que fosse por tudo isso, o Governo português deveria estar ao seu lado. Fazê-lo antes de chegar o carro-vassoura que se encarregará de castigar os párias que ficaram ao lado de Darth Vader."