
No espaço de duas semanas, Sérgio Praia esteve duas à conversa com Manuel Luís Goucha. Primeiro no 'Você na TV', agora no 'Conta-me'. O passado sofrido do protagonista da novela 'Amar Demais' e estrela do filme 'Variações', está a ser desvendado pela TVI.
Nesta nova entrevista, que foi feita junto ao 'seu' mar [no Furadouro, em Ovar, de onde é natural], o ator voltou a contar as partes mais dolorosas da sua infância e juventude. Recordou o quanto sofreu quando, aos 16 anos, fugiu de casa, o afastamento que mantém dos pais, e como se encontrou na representação.
"Decidi fugir de casa e ir para o Porto. Roubei 40 contos ao meu pai. Abri-lhe um cofre com um pé de cabra. Fiz um saco com atum, salsichas, velas, uma carta de uma amiga do Porto, umas calças e sapatilhas de ballet. Fugi pela praia. Fui até Esmoriz", recordou o ator que agora brilha na televisão e no cinema.
A vida no Porto não foi fácil. Dormia nas obras "numas casinhas que existem em qualquer obra, onde os trolhas guardam as marmitas". E comer? "Comia na rua... o que encontrava", disse sem vergonha mas com lágrimas nos olhos.
Mas são os pais que mais lágrimas lhe arrancam. Chegou mesmo a chorar compulsivamente ao falar do pai "um homem muito violento" e da mãe "que sofreu muito naquelas mãos". Hoje, assegura que os pais se amam e são felizes. A violência acabou entre o casal.
Ainda assim, Sérgio Praia continua muito afastado dos dois seres que lhe deram a vida. "As coisas quando não são criadas de raiz, dificilmente vão ter uma ligação mais tarde. O que eu sinto com a minha família é isso", explica-se o 'Raúl' de 'Amar Demais'. "Nunca tive ajuda de nenhum deles e não os culpo, nunca tive uma ajuda para perceber o que é gostar ou sentir carinho, nunca senti isso dos meus pais"
Acrescenta: "Mais tarde, quando me é pedido isso, eu sinto-me vazio. Não sinto que haja ligação. Quero ser verdadeiro comigo, não vou, passado uns anos, fazer de conta que ficou tudo bem".
Entretanto, na sua conta de Instagram, o ator resolveu dar uma explicação: "Não costumo falar sobre a minha vida. Mas nesta fase estranha que vivemos tenho sentido vontade de me aproximar mais de quem gosta de mim, de quem de certa forma é importante para o meu crescimento. Na vida nada se constrói sozinho"