
Num longo e emotivo texto publicado na sua página de Facebook, Fátima Campos Ferreira despede-se do 'Prós e Contras', o programa que coordenou e moderou ao longo de 18 anos: "Um teatro cheio, um palco luminoso, um fato preto e uma camisa branca", começou por recordar.
"Espreito pela frincha das cortinas de pano preto... vejo filas de rostos, sentados.... um grupo de convidados escolhido a dedo, frente a frente. Engolem em seco, humedecem a garganta, relançam os olhos em papéis de apoio, e aguardam expectantes. Volto a preparar-me mentalmente para os minutos que aí vêm. Vou estar ali no meio, seguir o fio condutor de matérias que de tanto estudar já quase sei de cor. Mas a ansiedade vai crescendo. Não fora o avultado número de horas de directo na viagem profissional, e até o arranque seria impossível. Entra o genérico, o último gole de água, e aí vou", continua a desenrolar as doces memórias. Mas a jornalista não se ficou por aqui: "Já não sei quem sou, mas sei ao que venho. Modero uma orquestra de ideias de diferentes tons e pareceres. Um a um vão entrando de forma articulada dando sentido ao tema. Lanço ângulos de debate, esbracejo, caminho, aponto, peço opinião e até desculpa quando tiro a palavra e mudo de assunto. Há nas frases ditas um crescendo de emoções ,e um exercício de retórica que já é imparável,mas vou controlando sempre a pensar no espectador à procura de esclarecimento".
Mas a jornalista não se ficou por aqui: "Já não sei quem sou, mas sei ao que venho. Modero uma orquestra de ideias de diferentes tons e pareceres. Um a um vão entrando de forma articulada dando sentido ao tema. Lanço ângulos de debate, esbracejo, caminho, aponto, peço opinião e até desculpa quando tiro a palavra e mudo de assunto. Há nas frases ditas um crescendo de emoções ,e um exercício de retórica que já é imparável,mas vou controlando sempre a pensar no espectador à procura de esclarecimento".
"Cada um toma posição em função dos seus valores e convicções, e assim deve ser. Respeito, provoco, sou advogada do diabo, humorizo e conto minutos e segundos num contra relógio, para tornar possível o maior número de argumentos. Foi assim no primeiro dia, 14 outubro de 2002, e repetiu-se em todos os outros, ano após ano, ao longo de dezoito anos!", garante Fátima.
"É uma honra e um privilégio servir o meu país no serviço público de televisão. Obrigada aos que nos seguiram, aos que criticaram, aos que o inventaram, aos que connosco construíram o Prós e Contras. Às diferentes equipas que me acompanharam na aventura semanal de saltar barreiras, de conseguir o impensável, de sofrer, insistir, persistir, sonhar, gritar e pensar... porque sim!", diz em forma de agradecimento.
Mas há mais: "Por aqui passou o país. O bom e o mau. O possível e o impossível, a política e a cultura, a economia e a justiça , os valores e até o Amor. Que vida tão preenchida ... foi sala de presidentes e de povo anónimo, de artistas e profissionais de variados talentos. Tantos que me vou esquecendo para relativizar a saudade. Afinal tudo vale o que vale".
"Esta que escreve sou eu, aquela que quando passa já se habituou a ouvir "Lá vai a do Prós e Contras". E os que o fizemos, somos todos, os Portugueses que durante anos, no dia seguinte perguntámos ao do lado... viste ontem aquele que falou no Próse Contras? Ehhh pá foi demais.... A jornalista segue dentro de instantes com novos episódios da Vida deste País", concluiu.