
"Dina Aguiar merece mais do que uma nota de rodapé. Merece-o por ter sido ao longo das últimas décadas a imagem mais simbólica do serviço público de televisão. Sem nunca se pôr em bicos de pés e sem nunca se lamentar por não estar no palco principal, foi sabendo navegar em mares agitados com um barquinho que manteve sempre à tona", começa assim a crónica 'Só Entre Nós' da autoria de Luís Osório que é publicada no 'Jornal de Notícias'.
O conhecido escritor recorda a carreira da jornalista: "Muitos já não se recordam, mas Dina foi pivot do 'Telejornal' das oito numa época em que o jornalismo tinha redações a perder de vista e uma respeitabilidade que nunca mais recuperou totalmente. Deixou de brilhar ou sequer aparecer nos grandes acontecimentos, mas sem que lhe caíssem os 'parentes na lama'".
Continua: "Soube reinventar-se para contar as outras notícias, as que os jornalistas a 'sério' varriam para debaixo do tapete, as que não interessavam por serem pequeninas, por serem regionais, por contarem estórias com gente demasiadamente anónima, demasiadamente real, demasiadamente fora dos centros de poder e das luxuriantes feiras de ego e vaidade."
Luís Osório não é parco em elogios: "Dina Aguiar tem 72 anos, parece mentira. Continua ativa, a pintar e apaixonada. Mantém-se jovem e, infelizmente, a RTP não poderá renovar o contrato por estar já em idade de reforma. Uma pena que não possam existir exceções", lamenta para depois tecer um agradecimento à jornalista: "Quero agradecer-lhe por me ter permitido conhecer a riqueza do nosso país e das nossas pessoas. Por ter provado que é possível existir uma agenda alternativa aos assuntos de sempre. E por ter conseguido tornar inquestionável o serviço público de televisão. Obrigado pela viagem, Dina."