
Manuela Marle tornou-se conhecida do grande pública através da personagem Cristina, uma jovem decidida em 'Vila Faia', a primeira novela de produção nacional, na RTP. Estávamos no ano de 1982.
38 anos depois, aos 65 anos de idade, Manuela Marle mantém o mesmo ar de menina. No entanto, a agora empresária viveu recentemente um enorme susto que quase lhe custou a vida. Apenas há cinco meses, estava longe de imaginar que uma simples queda em casa haveria de virar a sua vida do avesso e pôr tudo em risco.
"Foi uma simples queda em casa. Enfiei o pé na alça da saco de ginástica, fraturei o colo do fémur e fui oeprada. Correu tudo muito bem, ao fim de 4 dias fui para casa, só com uma canadiana. Uma coisa perfeitamente normal", começa por descrever Manuela Marle a Cristina Ferreira.
Mas o pior estaria para vir. "Atravessei uma fase complexa. É o flagelo deste século, as bactérias hospitalares", refere a empresária. E as coisas complicaram-se ao oitavo dia. "Acordei e tinha o joelho do tamanho de uma meloa. Pensei logo o que era. Como sou filha de médico, levei 40 anos da minha vida a ouvir falar de medicina em casa. Não havia nada que enganar: era uma septicémia", refere a empresária.
Novo internamento, com direito a cirurgia de urgência para retirar a rótula e limpar toda a infeção. Fizeram-se análises para tentar descobrir qual o tipo de bactéria, sem sucesso. E é aqui que este caso se torna mais grave do que a infeção generalizada que quase tirou a vida a Ângelo Rodrigues. "É uma coisa parecida com o Ângelo mas mais grave porque não conseguiam saber qual era a bactéria", defende Manuela Marle.
Seguiram-se 24 dias internada no hospital, em isolamento, com doses massivas de antibiótico, com "efeitos horríveis". Tal como no caso do ator da SIC, também aqui houve o risco de amputação. "Chegaram a dizer que isto era um caso muito complexo e se não melhorasse, teríamos que pensar em próteses, sem usarem a palavra amputação", recorda Manuela Marle.
E a situação foi realmente grave. A primeira coisa que Manuela Marle fez quando chegou ao hospital foi mandar chamar o advogado pessoal e os três filhos. "Tinha que passar tudo para os meus filhos, na eventualidade de não conseguir sair desta", revela. A par disso, Manuela Marle doou o corpo à Faculdade de Medicina no dia a seguir à operação de urgência. "Pensei: se eu morrer agora talvez isto sirva para alguma coisa", justificou.
Os filhos foram o grande apoio da antiga atriz. Mudaram a vida e forma drástica para tomarem contra da mãe. "Eu sabia que tinha uns filhos fantásticos, só não sabia o quanto. Ainda não tinha vivido uma experiência assim. Eles perceberam que a mãe estava a partir e não queriam que ela partisse", congratula-se.