
Luís Osório escreveu mais um 'Postal do Dia' na sua página de Facebook. Desta vez, o escritor dedicou-o a João Rendeiro e, sem "paninhos quentes", dá a sua opinião sobre o ex-banqueiro que fugiu de Portugal para escapar à Justiça.
"A CNN Portugal conseguiu no seu primeiro dia um furo jornalístico: uma entrevista a João Rendeiro. Uma inequívoca cacha jornalística, uma inequívoca prova de que não há limites para a falta de vergonha, para a desfaçatez, para a canalhice. João Rendeiro foi acusado e condenado por três crimes. Mas o seu nome está ligado a trinta por uma linha de coisas – onde houve confusão no sistema financeiro o homem não perdeu a oportunidade de estar", começa por escrever Osório ao mesmo tempo que mostra toda a sua indignação.
E continua: "Durante uns anos, entre 2003 e 2008, no BPP a que presidia, desviou dinheiro que pertencia ao banco (ele e alguns administradores) sem pagar impostos e com esquemas de burla e branqueamento que o tribunal veio a provar. Foram 31 milhões de euros, coisa pouca. Fora tudo o resto que se suspeita, tudo o que resto que se diz à boca cheia sobre esta sua propensão para a falta de escrúpulos".
Luís Osório recorda o passado de Rendeiro: "Ao longo dos anos foi enriquecendo. Comprou a casa dos seus sonhos. Um faustoso palacete na Quinta Patino, o lugar dos poderosos que certamente ambicionou nos seus delírios de ganância. Comprou quadros de grandes pintores e artistas contemporâneos. Fez viagens e gastou dinheiro como se fosse um marajá (na sua cabeça era um marajá)", realçou.
E volta à carga: "Na entrevista à CNN disse-nos sobre si. Que o seu dia se gasta entre a praia, o ginásio e bons restaurantes. Que a sua mulher só não foi com ele porque gosta da sua conchinha e dos seus três cãezinhos. Que se pensam atingi-lo atacando a mulher bem podem tirar o cavalinho da chuva. Que vai processar o Estado português em 30 milhões de euros".
"É difícil encontrar um tipo tão acintosamente ignóbil como João Rendeiro. Um tipo que enriquece à conta de esquemas. Que rouba o banco e os seus clientes para fazer fortuna nos lugares onde um dia achou que pertencia. Um tipo que cobardemente foge e deixa a sua mulher entregue aos bichos. Um tipo que chora lágrimas de crocodilo pela prisão da pessoa com quem casou aprontando-se a dizer que nem pensem que regressa com esta, na sua opinião, miserável chantagem", atira o escritor.
E conclui: "Vejo e não acredito. Com tanta gente a passar mal. Com tanta gente a viver com ordenado mínimo ou no desemprego. Com tanta gente a lutar por uma vida digna. Também com tanta gente que perdeu dinheiro com o BPP e a quem enganou. Vejo e sinceramente custa-me muito a acreditar. É obscena a amoralidade deste senhor. E enorme a sua cobardia. Está em lugar incerto e faz uma vida absolutamente normal. Ginásio. Praia. Bons restaurantes. Porra. Que asco".