A fotografia é de uma cama vazia de hospital e a legenda esclarece o tormento vivido nos últimos dias pela jornalista da TVI e CNN Portugal, Carolina Resende de Matos: "Foi a minha casa durante os últimos dias. Estou bem. Foi uma susto mas passou. 5 dias depois deixo o Hospital de Cascais desiludida com o SNS mas muito grata por todas as pessoas que ainda o vão mantendo vivo", começou por escrever.
"O SNS salva vidas mas muito pelo esforço assustador de profissionais que fazem o impossível para carregar às costas este fardo gigantesco. Os últimos 5 dias serviram para abrandar mas para sentir na pele também a realidade do nosso país", continou a jornalista para acrescemtar: "Vi idosos a dormir em cadeiras de rodas, pessoas em tratamento deitadas em bancos de espera nas urgências do hospital. Horas infinitas de incerteza. Macas espalhadas pelos corredores com doentes 'abandonados' pelos familiares, sem que nós, enquanto sociedade, consigamos encontrar uma solução para esta tão dura realidade. E aqui não é um governo que falha. Somos todos nós. A falta de empatia e diria até de amor para com o próximo, já é grave, mas para com os nossos? Aterrorizante."
Carolina Resende de Matos descreve: "O rosto cansado de quem desespera pelo atendimento e de quem tudo faz para nos salvar a vida. É triste. Triste perceber o caminho que o Serviço Nacional de Saúde leva. A greve pelo meio piorou tudo. A gravidade destas situações devem sempre ser denunciadas. Sempre. Sobre quem me salvou a vida só tenho a agradecer. Obrigada a cada médico, enfermeiro e auxiliar pelos gestos de carinho, pelo mimo, pelas festinhas no rosto e o 'vai correr tudo bem'. E correu. 5 dias depois, saio daqui sem apêndice após uma peritonite. Desde que entrei até que fui operada passaram 19h. Dezanove! É desumano. Pelo meio uma greve."
E termina: "Guardarei na memória a luta de quem batalhou e carregou serviços mínimos sob um esforço pessoal tremendo. Estamos a falar de pessoas. Doentes e profissionais de saúde. Merecemos todos respeito. Escrevo estas palavras por ter a sorte de ainda ter voz neste país. Faço-o por quem não a tem. Isto não é uma crítica ao governo. Não tenho partido nem me movo por esses meios e bastidores. Isto é um apelo. Um apelo à vida. Do SNS. E à nossa".