
Nasceu no Zimbabué há 52 anos, foi para Itália cedo… local que visita ainda frequentemente. Como foi mudar-se para Portugal?
Conheci um Portugal muito diferente do que é hoje. Mas hoje ainda reconheço neste maravilhoso país a beleza da sua paisagem e o carinho das suas gentes. Conheço um pouco do resto do mundo, mas não há outro jardim à beira-mar plantado como este.
E do Zimbabué (ou Rodésia) ainda guarda recordações?
Saí de lá muito cedo... não tenho grandes recordações!
Mas viveu em Itália muitos anos. Sair de lá foi complicado?
A minha Itália está sempre comigo, pois vou lá uma vez por ano.
E já voltou ao Zimbabué?
Quanto a África, já lá voltei e ainda hei--de voltar. Está no meu coração, nos meus genes. Faz parte do meu ser.
Ia muitas vezes a Itália, dizia, numa altura, por causa da sua mãe. Ainda é isso que o leva lá?
A minha mãe, sim. Mas não só. Tenho toda a minha família lá. Cá vivem apenas os meus padrinhos, que são portugueses.
Tem "sangue" italiano. Isso transparece para sua forma de viver?
Na paixão de viver, no gosto por tudo o que é belo, na forma divertida de encarar a vida.
É, como muitas vezes são descritos os italianos, sedutor? É essa a sua "arma" na vida pessoal ou profissional?
A sedução faz parte da vida e não tem nacionalidade. Quem não seduz ou nunca foi seduzido não conhece os prazeres da vida.
É um homem de família. Como lida com a distância?
Somos uma família unida pelo sentimento e não pela presença. Podemos estar poucas vezes juntos, devido à distância que nos separa, mas estamos unidos num amor incondicional. Estamos lá, uns para os outros, sempre que é preciso.
As ausências e as perdas marcam-no muito?
Fica sempre a saudade de quem parte e a tristeza de quem fica. Mas a vida é sempre assim, feita de ciclos que começam e acabam. Vamos nos habituando...
Vive há muitos anos em Portugal, lembra-se quando é que decidiu ser actor?
Foi quando entrei para o antigo Conservatório de Lisboa, na Escola Superior de Teatro e Cinema. Percebi que não iria ser outra coisa na vida.
O que é que os seus pais disseram?
Os meus pais estiveram do meu lado desde o início. Mas sei que não é fácil para as famílias apoiarem estas escolhas.
Ainda se lembra desse primeiro trabalho? O que sentiu?
Nervos, adrenalina, paixão, certezas... e muitos sonhos pela frente! (risos)
SEM SORTE AO AMOR
Tem 52 anos. A idade começa a pregar as suas partidas?
Felizmente não. Continuo a sentir-me em forma. Capaz de gravar 10 horas por dia, entrar no teatro a seguir, fazer duas horas de espectáculo e saber que acordei cedo para fazer uma caminhada de 10 Km. Ainda consigo digerir bem um cozido à portuguesa e beber uma boa garrafa de vinho. Na rua ainda recebo piropos de belas mulheres...(risos). Acho que para já está tudo bem...
Cuida muito de si? O que faz?
Caminhadas e tenho a paixão do ténis.
Tem sido visto muitas vezes como um galã. Trabalha para o facto… ou é de facto feitio?
Nem uma coisa nem outra. Mas essa pergunta tem de ser feita a quem me vê como tal (risos).
Durante este ano terminou uma relação com Marta Nunes. O fim foi difícil?
Já falei o que tinha a falar sobre o assunto. Foi o fim de um ciclo.
Como é que se segue em frente?
Como diz o ditado, depois da tempestade, vem a bonança. Não é cliché. É realmente verdade, estou muito bem, obrigado.
E como reage aos rumores de que namorou Lúcia Moniz?
(Não responde).
O que é que mudou na sua vida? É uma vida nova?
Na vida estamos sempre a mudar de rumo. O importante é não perdermos nunca o norte.
Sente que, por ter 52 anos, as pessoas o querem ver acompanhado?
Tem de perguntar "às pessoas"...
Há sensivelmente dois anos estreou-se como realizador. É para continuar? Tem projectos nesse sentido?
É para continuar, sim.