
"Era a imagem da alegria, o culto da saúde física, ginásio, elegância e muita energia", começa assim o texto que Júlio Isidro dedicou há cinco dias a Cândida Branca Flor por altura do 24º aniversário da sua morte. Prossegue o apresentador da RTP: "Soube da sua existência a cantar com a Banda do Casaco no álbum 'Coisas do Arco da Velha', a canção romance de Branca Flor. E, foi assim, que a alentejana de Beringel, Cândida Soares, adotou o nome artístico de Cândida Branca Flor."
Júlio Isidro recua no tempo: "Em 1976, estreava-se no meu programa 'Fungagá da Bicharada' a cantar 'A Borboleta' e, mais tarde, no 'Arte & Manhas' no 'Jogo da Glória' Estreou-se para o pessoal da pesada, na 'Febre de Sábado de Manhã' da Rádio Comercial, no Nimas. No meio da cena rock, recordou para os mais velhos e acordou os mais novos para a 'Canção da Roupa Branca' e a 'Agulha e o Dedal' que tinham sido tremendos êxitos de Beatriz Costa", recorda o comunicador.
E há mais memórias: "Foi minha convidada em inúmeros programas de televisão e de rádio e nunca adivinhei no seu olhar uma sombra de depressão ou apenas de tristeza. A vida é feita de 'Trocas e Baldrocas' mas a nossa "Jane Fonda" não dava mostras de querer trocar a vida pela morte. Brindou e brilhou com o Carlos Paião no Festival de 84 com a canção 'Vinho do Porto' e os seus espetáculos eram momentos de alegria esfuziante."
Questiona, então, Júlio Isidro: "O que traria a nossa Flor, de espinhos na alma? A notícia caiu como um sismo no nosso meio. Cândida Branca Flor, no dia 11 de Julho de 2001 , tomou uma brutal dose de comprimidos ingeridos com álcool e ali ficou prostrada, sozinha em casa. Que fantasmas viviam dentro dela? A estrela estava a perder o brilho? Os contratos eram mais raros? A solidão matava-a aos poucos no meio da multidão para a qual ainda sorria?"
E termina: "Será que se matou para existir? Será que aquele gesto definitivo não era querer morrer, mas apenas desaparecer. Na minha memória fica a 'Borboleta' do 'Fungagá' que voou para parte incerta. Passaram 24 anos, sem Branca Flor."