
A vida de Marie com a mãe nunca foi fácil - já ela fez saber. Segundo a mesma, continua a não ser. A pior fase contudo aconteceu há cerca de um ano, pouco antes de, pela primeira vez, a jovem vir para Lisboa.
Segundo Marie contou no podcast 'Somos Todos Malucos', de António Raminhos, a progenitora não a deixava ter vida privada e sair com os amigos era um verdadeiro inferno. "Ela ouvia as minhas conversas ao telefone, lia aos meus diários, tudo", revelou ao comediante. Isabel estava, de resto, sempre atenta ao que a filha fazia, chegando a impedi-la de estar com amigas por temer que estas pudessem "causar-lhe má influência".
Temia até pelas escolhas que a filha fizesse a nível sexual com medo de ser falada na zona onde viviam, um aldeia relativamente perto da Póvoa do Varzim.
O receio maior surgiu quando, um dia apanhou a filha a falar ao telefone, em género de segredo, com uma amiga. Ao perceber que esta pretendia, às escondidas, ir ter com ela, na zona do Porto, sem que ninguém lá em casa se apercebesse, e temendo que isso revelasse que a filha fosse lésbica "trancou-me em casa. Eu nunca tinha tido a chave de casa e então naquela dia temendo que eu fosse ter com uma namorada fechou-me em casa".
Marie diz que isto foi mais uma machadada numa relação extreamemente frágil. "Até porque eu nunca tive ninguém. E não o tive porque ainda não me resolvi comigo. Quero perceber-me", explica a António Raminhos sem receios. "Acho esta coisa da orientação sexual sem sentido. Para que é temos que estar sempre a colocar um rótulo em tudo?"
Apesar deste e outros dramas que viveu Marie lá vai explicando que quer ter "uma relação com a minha família", mas explica que a mãe, Isabel, em especial "não me entende" além de que ela não consegue esquecer "que o meu passado (com a mãe) foi uma merda".
Garante que nunca lhe faltou nada, talvez apenas "compreensão e carinho", porque a família "vivia muito de aparências" e Marie era tudo menos convencional. Hoje ainda lamenta que a mãe "nunca me deu um beijo excepto na missa. Por isso é que quando eu ia à missa chorava, porque aquilo não acontecia regularmente", relembra.