
No dia 6 de outubro de 1992 o primeiro rosto que apareceu na SIC, que então nascia, foi Alberta Marques Fernandes, que pouco tempo antes tinha entrado como estagiária e que foi escolhida por Emídio Rangel para apresentar o primeiro bloco informativo do canal que nascia e que iria revolucionar a televisão em Portugal. Esteve dez anos na SIC e depois foi para a RTP, a convite do malogrado Rangel, agora regressou a televisão que ajudou a criar para falar de alguns dos momentos mais importantes da sua vida.
De sorriso contagiante, a jornalista de 51 anos, garante que adora a profissão que tem mas que "a família está em primeiro lugar" e que por isso está "escondida" num horário vespertino na RTP3 "numa altura em que todas as pessoas estão a trabalhar".
Diz, porém, que está feliz com essa "escolha" mas reconhece que poderia estar "num patamar mais elevado" se tivesse tomado outras opções. Esta não é a primeira vez que Alberta Marques Fernandes explica que decidiu ter este horário para acompanhar de uma forma mais próxima a filha Luísa, que completa 19 anos em breve, com quem tem uma grande cumplicidade.
Nesta conversa com Cristina Ferreira, Alberta recordou a morte prematura dos pais. Diz que estava "tranquila e nostálgica" no dia em que nasceu a SIC porque estava a pensar no progenitor que já tinha morrido. "Estava serena", acrescenta. "Sinto uma emoção muito grande, tinha 24 anos, era uma miúda", disse, revendo o momento em que apresentou o primeiro noticiário da primeira televisão pública em Portugal.
"Foi o ano de 96 que me marcou mais, fui 4 vezes à Bósnia, porque o meu sonho era ser jornalista de guerra, enviada especial, portanto, consegui fazer ali aquilo que sonhei. Foi um ano que me marcou. Apresentar já apresentei tudo, ali foi diferente". "Foi difícil porque a minha mãe já estava doente", recorda.
Cristina Ferreira pergunta se Alberta gostaria de regressar à SIC: "podes sempre deixar um recado", diz a apresentadora, soltando uma gargalhada. "A SIC é o grande amor da minha vida e não há amor como o primeiro. Foram 10 anos muito intensos, foram os primeiros 10 anos da SIC, ainda hoje nós os fundadores nos encontramos, é qualquer coisa de muito forte. Estou de bem com todas as escolhas que fiz, nomeadamente de escolher um horário diurno para poder acompanhar mais a minha filha."
Mas tu sentes que podias estar noutro patamar?, questiona Cristina. "Claro que sim, nós temos de sempre fazer escolhas e não há problema nisso, desde que estejamos felizes com as nossas escolhas. E eu estou feliz", responde Alberta.
Pelo meio, a pivô da RTP3 falou do problema de saúde que teve recentemente: "Tive um pequeno AVC há quase um ano. Senti-me mal, percebi isso e tratei-me", recorda, assumindo que deixou de fumar.