Fernando Póvoas é, talvez, uma das pessoas que melhor conhece Pinto da Costa fora dos holofotes mediáticos, ou das bancadas do Estádio do Dragão. Juntos, os dois já passaram pelo melhor e o pior que a vida nos pode brindar e é esta amizade íntima que faz com que o médico esteja agora muito atento numa altura em que o antigo presidente azul-e-branco passa agora pelo seu momento mais desafiante.
Aos 86 anos, Pinto da Costa despediu-se daquela que foi a sua vida ao longo dos últimos 42 anos e Póvoas acredita que, pelo menos incialmente, o amigo se irá ressentir desta vida calma, que nunca levou, e à qual não está habituado.
"Ele é um homem que está habituado a levantar-se de manhã, depois acompanha o basquete, as outras modalidades, os juvenis, depois almoça com amigos, tem reuniões, os dias dele eram muito cheios e agora não tem nada, não tem para onde ir... E não é uma pessoa que eu esteja a ver a ficar sentado em frente à televisão", começa por explicar à 'The Mag' o nutricionista, deixando uma mensagem para os que se diziam amigos e agora viram, sorrateiramente, costas, numa altura em que Pinto da Costa já não está no poder.
"Espero que os amigos, os verdadeiros, continuem a querer almoçar com ele, a dar-lhe apoio, mas já sabemos como é que estas coisas são. Quando somos presidente temos muito amigos, quando deixamos de o ser metade atravessa a rua e passa para o outro lado do passeio."
Apesar das mudanças, Fernando Póvoas admite que tem sentido o amigo "aparentemente tranquilo". "Agora está a descansar no Algarve", diz, adiantando que o presidente azul-e-branco tem a sorte de contar com uma mulher como Cláudia Campo, que tem sido incansável no apoio.
"A Cláudia tem sido um exemplo, de uma companheira, mas a verdade é que ela também trabalha, tem a sua vida, sai de casa de manhã cedo, por isso não vai lá estar na maior parte do tempo."
O APOIO NOS MOMENTOS DIFÍCEIS
De uma coisa Fernando Póvoas tem a certeza. Seja o que for que o futuro traga a Pinto da Costa, ele vai estar ao seu lado, até porque quando mais precisou o antigo presidente dos Dragões foi o primeiro a estender-lhe a mão.
"Quando eu sofri um enfarte, não sei como é que ele soube quase imediatamente, mas a verdade é que eu ainda não tinha sido operado e ele já me estava a ligar. Tinha sabido, sabe-se lá como, e já tinha falado com o médico para me pôr em boas mãos. Ele esteve sempre lá, nos momentos mais difíceis e eu também vou estar. É um grande amigo. Os amigos têm obrigação de estar lá para ele, porque ele enquanto amigo também é uma pessoa que dá tudo. E eu nunca me vou esquecer do que ele fez por mim."
A acompanhar de perto a situação pessoal do amigo, o médico acredita que Pinto da Costa vai saber encontrar prazer nas pequenas coisas, como ler, ou recuperar o tempo perdido ao lado dos netos, com quem a vida não lhe permitiu que fosse tão presente.
"Ele, face às circunstâncias, acabou por ser um avô mais ausente e agora poderá emendar um pouco essa parte."
