Há três meses que Fernando Madureira está em prisão preventiva no âmbito da Operação Pretoriano, acusado de ter instigado os atos de violência na última Assembleia Geral do FC Porto, bem como de favorecimento no esquema de venda de bilhetes e enriquecimento ilícito. A mulher, Sandra, também é arguida no processo, mas aguarda julgamento em liberdade, com a obrigatoriedade de se apresentar na esquadra mais próxima.
Os últimos meses têm sido difíceis para Sandra, que tenta aguentar o barco sem o marido e com três filhas para criar, o que não tem sido fácil. Sem rendimentos conhecidos, a situação afigura-se cada vez mais complicada para a família, que se agarrava, no entanto, à esperança da reeleição de Pinto da Costa como a última grande 'boia de salvação'.
Com a queda do líder azul-e-branco, a sensação é de que já não estão a salvo e de que mais segredos podem ser revelados. "A saída de Pinto da Costa está a deixar em pânico algumas pessoas", diz uma fonte, acrescentando que "a sensação de impunidade acabou para muita gente" no FC Porto.
"Se ainda havia alguma coisa a que o Madureira se podia agarrar, agora há uma sensação de desamparo maior", explica a fonte, adiantando que a saída de Pinto da Costa da presidência pode ainda levantar "novos problemas". "Há muita coisa que pode ficar agora a descoberto."
Até porque André Villas-Boas promete não deixar pedra por levantar nos arquivos dos Dragões. O novo presidente quer arrumar a casa e isso implica verificar contas, papéis e mexer em assuntos que já estariam no passado, mas que podem vir novamente à tona.
Desesperada com a mudança de rumo no Dragão, Sandra Madureira não hesitou em mostrar a sua revolta nas redes sociais, depois de ter estado no estádio a votar. "Hipócritas", escreveu sobre aqueles que viraram costas a Pinto da Costa, que estava à frente do FC Porto há 42 anos.
DINHEIRO E BENS APREENDIDOS
Com o marido preso e agora sem grande esperança de que a situação se volte a compor, Sandra Madureira começa a equacionar um futuro longe do FC Porto. Até porque, mesmo que Macaco, como é tratado, saia em liberdade, e regresse, eventualmente, à claque, não haverá mais a possibilidade estar envolvido no processo da venda de bilhetes.
A isso, soma-se o facto de o dinheiro que o casal tinha amealhado durante os últimos anos no FC Porto ter sido confiscado pela polícia, aquando das buscas à residência da família, de onde foram levados, além de 50 mil euros em notas, que estavam no interior de um cofre, dois carros da marca BMW e ainda um luxuoso Porsche.
É o fim da vida como Macaco e a mulher a conheciam e que levou a família a viajar pelo mundo, conforme mostravam, sem pudores nas redes sociais, onde ainda no fim de ano tinham revelado que o Réveillon tinha sido passado num dos destinos mais cobiçados, e caros, como é o caso do Rio de Janeiro.
Além disso, as filhas estudam em colégios privados com a família a manter um estilo de vida muito acima da possibilidade que uma vida sem rendimentos oficiais o permitiria. E se durante anos isso foi possível, com o casal a grangear da proteção de Pinto da Costa, com a queda do presidente portista, ficam agora mais expostos ao escrutínio, com a sensação de impunidade a chegar ao fim.
