Desde o dia 13 de novembro que os Ribeiro Telles vivem como que, numa realidade paralela, depois de Graça ter sofido um brutal acidente, que causou a morte ao filho mais novo de apenas dois meses, e deixou as quatro filhas mais velhas hospitalizadas. Foram, são e irão continuar a ser tempos conturbados e de muita dor que fazem com que agora a filha do antigo cavaleiro João Ribeiro Telles e o marido, João Vicente Caldeira, precisem de todo o apoio. O que, na verdade, tem acontecido.
A família uniu-se nesta grande dor que está a vive e nas cerimónias fúnebres do bebé Vicente, o pai do menino disse mesmo que a sua curta passagem pela Terra tinha sido alvo de grandes ensinamentos, sendo o principal o que de nada vale zangarmo-nos por coisas menores. João Vicente Caldeira admitiu mesmo que a dor serviu para acabar com algumas "brigas" na família.
De acordo com a revista TV Guia, as brigas a que o antigo forcado se referia foram as causadas pelas partilhas, que levaram a uma forte zanga entre irmãos.
Para a entendermos temos de nos debruçar um pouco sobre a história da família. João Palha Ribeiro Telles, avô de Vicente, pai de Graça, é um dos 11 irmãos, filhos de David Ribeiro Telles e Maria Isabel de Castro Van-Zeller Ribeiro Telles. A família faz parte de uma "aristocracia" ligada à terra e à agricultura, com valores, tradições e vivências muito próprios, que ostentam orgulhosamente. Na tauromaquia desde há várias gerações, a dinastia Ribeiro Telles conta com vários cavaleiros, e todos eles beberam ensinamentos do mestre David, falecido a 20 de junho de 2016.
E foi por altura da morte de David que tudo acabaria por se desmoronar. Segundo foi possível apurar, as partilhas só terão acontecido há cerca de dois anos e acabariam por não agradar a todos os envolvidos com a família, de repente, a dividir-se por causa de dinheiro. "Os irmãos estiveram um tempo sem se falarem, de costas voltadas", refere uma fonte próxima da família à TV Guia, acrescentando que a divisão do património provocaria alterações nas dinâmicas até então existentes e que agradariam à maioria dos 11 irmãos. "Anteriormente às partilhas, o dinheiro da cortiça era dividido por todos os irmãos de igual forma, e ajudava a colmatar o défice de algumas atividades, como as ganadarias. Agora isso já não acontece, o que não terá agradado a alguns".
Apesar da guerra, o amor fraterno falou mais alto na altura em que o drama se abateu sobre a família com uma corrente de amor entre os irmãos a ser, de repente, criada para um apoio que era urgente e necessário, e que continuará a ser preciso nos próximos tempos, uma vez que o pesadelo ainda não acabou.
QUAL É O ESTADO CLÍNICO DAS QUATRO FILHAS
As últimas semanas têm sido vividas entre Coruche, de onde a família é natural, e o Hospital de Santa Maria, onde todos esperam ansiosamente por boas notícias, algumas das quais começam agora a surgir.
A notícia mais animadora foi recebida na última segunda-feira, quando a filha mais velha recebeu alta do Hospital de Santa Maria e pôde juntar-se à mãe, que ainda continua a recuperar lentamente das mazelas físicas sofridas no despiste.
"Estão a evoluir devagarinho. A Xinha [Graça Ribeiro Telles] está em casa, mas ainda muito condicionada, sem poder sair. A mais velha teve alta ontem, mas também muito limitada porque tem a bacia partida", esclareceu o antigo forcado, adiantando que decidiu quebrar o silêncio em nome da onda de amor com que a família tem sido inundada.
"Devo isso a tanta gente que está preocupada com elas e tem tentado saber notícias. Nunca me vou esquecer nem vou ter maneira de agradecer tanto apoio", começou por dizer o agrónomo.
Quanto às filhas mais novas, as três ainda permanecem internadas no Hospital Santa Maria, em Lisboa. Para breve está prevista a alta de Amélia, uma das gémeas de seis anos, enquanto a irmã Carmo tem ainda um longo caminho pela frente, uma vez que já não se encontra em coma induzido, mas não se encontra 100 por cento consciente.
"A Amélia, uma das gémeas, está a evoluir bem da fratura da bacia e do traumatismo. Deve ter alta ainda esta semana. A Carmo, que esteve em coma induzido, tem vindo a recuperar e a acordar muito devagarinho. Ainda não está completamente consciente, mas os sinais que vai dando são bons e esperamos que recupere totalmente. Mas vai demorar".
"A outra gémea, a Graça, é a que está pior. Tem várias lesões na medula e não mexe as pernas e o braço direito. Mas por enquanto o foco é no abdómen, onde foi operada ao intestino, ao uretere (os tubos que transportam a urina dos rins) e ao pulmão direito que colapsou. Mas está a evoluir bem, sendo que é uma recuperação lenta também", explicou.
A preocupação dos amigos centra-se também em João Caldeira e na mulher e nos próximos tempos, que representam desafios maiores do que se possa imaginar. "Eles ainda vão ter um longo calvário. Têm de fazer o luto do filho, uma longa recuperação com estas meninas e muito para assimilar, porque ainda estão como que anestesiados. Os próximos meses vão ser duros", admite uma fonte ligada ao clã.
