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THE MAG - THE WEEKLY MAGAZINE BY FLASH! - entrevista

Eduardo Sá garante: "Viver sem amor é morrer um bocadinho todos os dias"

Nada no Amor é por Acaso é o segundo romance do psicólogo clínico e escritor.
Célia Esteves
Célia Esteves
10 de fevereiro de 2022 às 21:40
Eduardo Sá
Eduardo Sá Foto: Liliana Pereira

"Nunca é tarde para amar", é uma das garantias que Eduardo Sá, psicólogo clínico e escritor, nos dá. Espantado sempre com a persistência do amor, que cai e se levanta, que concede e aceita uma segunda e uma terceira oportunidade, o psicanalista lembra-nos, no seu novo romance, Nada no Amor é por Acaso, que chegou às livrarias, na quarta-feira, dia 9, que quase tão difícil como nos entregarmos ao amor é conseguir não o fazer. O seu segundo romance, editado pela Lua de Papel, onde o também professor nos fala sobre a persistência do amor, serve de mote para esta entrevista com The Mag sobre o amor.  

Nada é por acaso, o livro de Eduardo Sá
Nada é por acaso, o livro de Eduardo Sá

Onde se inspira para escrever, tanto, sobre o amor?

Na vida. Haverá outro assunto maior que o amor que ora nos amarrote e amarfanhe, ora nos resgate e "ressuscite"? O amor é a coluna vertebral da vida. Estranho eu, antes, que se fale tão pouco dele. Como se o amor não precisasse de ser aprendido e não precisássemos de trabalhar (muito) para ele. Como se todos tivéssemos com ele uma relação de coração desabotoado e plena de segurança. Como se nada no amor nos surpreendesse. E nada no amor será assim. 

"Somos muito mais preguiçosos para o amor do que parecemos"

Porque é que conversamos pouco sobre o amor?

Porque somos muito mais preguiçosos para o amor do que parecemos. Porque, ao contrário do que acontece com tantas outras áreas da nossa vida, somos demasiados passivos, demasiado expectantes e demasiado acomodados quando se trata de lutar por conquistar e lutar por manter vivo o amor. 

Seremos cobardes na busca do amor?

Somos. Às vezes, sim. E medricas. Atrapalhados. E inseguros. Mas quem não se engasga e se assusta e tem medo e foge, até, quando se trata de viver um (grande) amor? 

Vale sempre a pena lutar por um amor?

Vale a pela lutar por tudo aquilo que dá vida à vida. Como o amor. 

Podemos viver sem amor?

Viver sem amor é morrer um bocadinho todos os dias. 

Não somos felizes sozinhos?

Receio que não. Felizes como um sentimento de comunhão com alguém que tem outro mundo, outras referências, outras histórias e que é, em quase tudo, diferente de nós e que, contudo, faz connosco uma ponte para uma experiência próxima do sagrado? Receio que não.

"A educação dos homens é muito sexista"

Em Nada no Amor é por Acaso refere que as mulheres falam com mais verdade sobre a felicidade. Porque é que é assim?

Porque a educação dos homens é muito sexista. E vão sendo ensinados a guardar o quem sentem, em vez de falarem. E ensinados a não chorar. E a refrearem gestos de ternura. A não serem tão atenciosos como deviam. E a acharem que o romantismo passou de moda. O que é triste, não é? De que vale ter um coração que bate e lágrimas com cloreto de sólido e parecer que se fala do amor sobretudo às escondidas?

"Todos morremos de amor várias vezes"

Qual será o melhor conselho que podemos dar aos nossos filhos sobre o amor?

Que a melhor forma deles aprenderem o amor passa por nunca se distraírem da maneira como os pais se amam, todos os dias. Que nunca é tarde para amar. Que todos morremos de amor várias vezes. Que todos os amores são um primeiro amor, segunda vez. E que só o amor nos faz renascer, várias vezes, para a vida. 

A pandemia veio mudar a nossa forma de amar?

A pandemia ajudou a perceber que o amor é - diante de tudo o que nos rouba entusiasmo, garra, ganas, paixão, etc. - quem mais nos leva a namorar com a vida. 

 

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