
Susana Vieira faz 80 anos no dia 23 de agosto e continua a ser um nome incontornável (e indispensável) na Globo. De coração aberto falou com a 'The Mag' e, apesar da alegria contagiante e da vontade de viver interminável, diz-se uma mulher que aprendeu a viver na solidão. Vive longe do filho, a quem dedicou a sua vida, mas que acabou por fazer carreira em Miami. Com ele ficaram os netos e a atriz vive sozinha, na sua mansão no Rio de Janeiro.
Cinco casamentos depois, está solteira por opção. Há homens que lhe deram muito e outros que lhe tiraram um bocadinho de si. O álcool fê-la afastar-se de uma vida a dois. Sem tabus, fala da sua paixão por companheiros mais novos, que a fazem despertar a jovem que há em si. É uma "diva do povo" e espera deixar um legado, nem que seja por uma inspiração de liberdade.
Prestes a completar oito décadas de vida, continua a ser apaixonada pela representação. Mas, mais do que isso, afirma que trabalha por necessidade. Pode parecer uma afronta aos assalariados brasileiros, mas a atriz garante que os 500 euros que tem direito na reforma são apenas suficientes para pagar a luz.
Agora, realiza um dos seus maiores sonhos e traz a peça 'Uma Shirley Qualquer' a Portugal, que vai estar cena do Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa. Susana Vieira, sem filtros e com uma gargalhada que lhe é tão característica, na 'The Mag' desta semana.
A SOLIDÃO NO MEIO DA FAMA
"Sou uma mulher sozinha, inteira e que leva a carreira para a frente sozinha", é desta forma que a atriz começa a nossa conversa. Afirma que sempre se habituou "a viver longe da família", mas que com o passar da idade, as saudades são cada vez mais difíceis de gerir. "Hoje em dia fico mais triste de não o ter ao pé de mim. Sinto falta da minha família", explica, referindo-se ao filho Rodrigo Otávio, e aos netos.
"Toda a gente me pergunta se eu só gosto de homens novinhos e eu respondo: Depende, se eles forem lindos, gosto!"
Durante a pandemia, esteve durante mais de dois anos completamente isolada do mundo. "Fiquei em casa sozinha durante 2 anos e 4 meses. Esse período foi muito difícil. Eu não tinha nada pela frente. A covid é a negação da vida. Veio para negar o amor, o abraço, o afeto, a fala, o convívio, o trabalho… tiraram-nos as pernas com esta doença. Portei-me muito bem: não enlouqueci. Estava com medo que a vida acabasse e que e de não conseguir trabalhar mais. De não ter feito um trabalho que fechasse a minha carreira."
A idade fez com que, como a própria diz, se tornasse "mais burguesinha" no que diz respeito aos momentos em família. "Vivi a vida inteira separada da minha família mas agora sinto saudades de, por exemplo, no Dia da Mãe receber um presente. Daquela coisa burguesa de almoçar sábado e domingo com a família… Fiquei burguesinha de repente. Fiquei meio velha, acho. Se bem que continuo a ir para parques aquáticos com os meus netos… Vou para todo o lado para onde me levam. Para eles eu não envelheci, estou igual!"
OS HOMENS QUE TIROU DA SUA VIDA
Teve cinco casamentos e acabou sozinha. "Não era para ser, não vim para esta terra para ser infeliz. Não dependo do amor do outro, dependo de mim e de me amar primeiro", começa por deixa bem claro quando se fala de amor. "Os meus limites ficaram cada vez mais curtos. Não abro a mão de coisas como a infidelidade, a pessoa não ser atenciosa, não conversar, não discutir assuntos…"
Garante que nunca ficou "traumatizada" com alguém que tenha passado pela sua vida, mas que o consumo excessivo de álcool foi um dos fatores que a fez tirar muitos do homens da sua vida. "Não gosto de um homem que chegue a casa e beba. Não suporto! Cada vez que me casei com alguém, vários tiveram o hábito de beber. É horrível conviver com uma pessoa que está sempre alterada com por causa do álcool. Sou muito chata com isso. Isso foi-me deixando cada vez mais desligada sexualmente, amorosamente, afetivamente e respeitosamente."
O CONTO DE FADAS QUE ACABOU COM UMA OBRA
Entre todos os amores que teve há um que a estrela brasileira não esquece: Carlson Gardeazabal. "A única pessoa de quem sou amiga é o Carlson com quem fui casada durante 17 anos e conheci-o quando ele tinha 24 e eu 42. Ele era campeão carioca de motocross, levava-me para as corridas de motas e foi aí que tomei gosto pela juventude", diz, entre gargalhadas.
"Não gosto de um homem que chegue a casa e beba. Não suporto! Cada vez que me casei com alguém, vários tiveram o hábito de beber. É horrível conviver com uma pessoa que está sempre alterada com por causa do álcool"
Um amor que viveu intensamente e que a fez rejuvenescer. "Despertou-me para uma vida conjugal super agitada, sem ser de fato e gravata. Fui muito feliz com ele. Plantámos coisas, tivemos criação de galinhas e eu até vendia ovos na TV Globo. Foi uma fase maravilhosa."
Um romance que acabou por desentedimentos... numa obra: "Só acabámos porque ele veio fazer uma obra para mim e isso acaba com qualquer casamento. Desentendemo-nos e eu fui um bocado ingrata com ele, mas somos amigos. Ele casou, tem uma filha e eu sou madrinha da filha dele. Ficou o amor." A PAIXÃO POR HOMENS MAIS NOVOS A atriz espera que esta sua frontalidade e forma de amar tenha aberto portas para outras mulheres, que as tenha encorajado a amar, independentemente das idades. " CONTINUA A TRABALHAR "POR NECESSIDADE" Ganhou milhares de euros no mundo da representação e continua a ser uma das poucas caras exclusivas da Globo neste momento. Quero continuar a fazer novelas mas não só por amor à profissão, mas porque não pode deixar de ganhar um ordenado. "Hoje em dia continuo a trabalhar por necessidade. Não posso parar de representar e me aposentar porque a reforma a que tenho direito pelo Governo só dá para pagar a minha conta da luz. A casa onde moro, que é construída com todo o meu trabalho e que tem vida."
A PAIXÃO POR HOMENS MAIS NOVOS
CONTINUA A TRABALHAR "POR NECESSIDADE"
Susana Vieira lança farpas ao governo brasileiro e afirma que o pouco que lhe dão depois de tudo o que deu pelo país, serve-lhe apenas para pagar uma das suas despesas. "Só os políticos é que têm uma reforma até morrer. A minha aposentadoria é 2700 reais [cerca de 500 euros]. Não sei quantos anos vou viver e tenho que ter um fundo que me permita ou mudar-me para Miami, Portugal, vender as coisas aqui e viajar."
Com medo das consequências da pandemia, a atriz põe-se ao mesmo nível que o restante povo e fala do medo de ficar, inesperadamente, desempregada. "Há um medo permanente no Brasil. Está a faltar emprego a muitas pessoas e eu sou uma trabalhadora. Não faço parte da elite. Sou uma trabalhadora brasileira que trabalha para uma empresa. Há muita gente desempregada e eu faço parte do grupo de pessoas que podem vir a ficar sem trabalho. Às vezes imagino o que vai acontecer comigo e não sei… Também não me atrevo a perguntar. Eu quero fazer novelas! Estou à disposição e bem bonitinha ainda." OS COMPLEXOS COM O CORPO Um dos principais motivos pelos quais Susana Vieira viajar é para poder fazer praia, sem ser julgada. "
OS COMPLEXOS COM O CORPO
Nem a idade fez com que a atriz consiga desvalorizar as críticas que são feitas ao seu corpo. "Importo-me porque sou mulher e não me sinto confortável ao ver uma foto minha desfavorecida. Distraída na praia, com a barriga solta, sem me preocupar e a ser fotografada num ângulo desagradável. Adoro ir à praia mas aqui não vou. Quando estou a atuar ainda sou uma mulher bonita, sedutora e não preciso de me expor, de expor a normalidade de um corpo que está parado." A LEUCEMIA COMO "UMA ESPADA EM CIMA DA CABEÇA" Em 2015, Susana Vieira foi confrontada com o pior diagnóstico da sua vida: uma leucemia crónica. "É
A LEUCEMIA COMO "UMA ESPADA EM CIMA DA CABEÇA"