
O primeiro episódio de uma novela é sempre uma boa montra de forças e fraquezas do produto. Mais uma vez, assim foi. Com menos de uma semana de diferença, SIC e TVI lançaram as novas apostas da ficção. O resultado é desastroso para Carnaxide. A nova Paixão é surpreendentemente frágil, e tem de levar urgentemente uma volta. Caso contrário, irá agravar as debilidades demonstradas desde o primeiro minuto.
É incrível como, ao fim de tantos anos de aposta da SIC na ficção nacional, a qualidade técnica das produções da TVI continua tão à frente da concorrência. Paixão revela, desde o início, problemas de captação de som e de imagem, dois itens que se julgava resolvidos na produção de telenovelas em Portugal. No que diz respeito à imagem, por exemplo, algumas cenas resultam baças. Quanto ao som, alguns diálogos têm de ser adivinhados pelos espectadores, o que é muito difícil de aceitar hoje em dia. Além da técnica, notam-se, também, problemas na narrativa.
O aparecimento da personagem de Albano Jerónimo na África do Sul, por exemplo, é inconsistente – ninguém terá visto o episódio de estreia antes de ir para o ar? Só o trabalho dos actores fica ao nível da concorrência. Quanto ao resto, mesmo com todos os cortes orçamentais na TVI, de que tem havido variadas notícias, A Herdeira mostra que está noutro patamar. Os exteriores têm uma qualidade muito superior, a fluidez da montagem potencia ao máximo a narrativa e tira o que de melhor os actores têm para dar aos espectadores.
As audiências não enganam: A Herdeira é muito melhor que Paixão. A novela da SIC tem de ser corrigida rapidamente.