
Hernâni Carvalho conquistou a pulso o lugar que tem na programação da SIC. Quando Júlia Pinheiro trocou a TVI por Carnaxide, no início desta década, recebeu a missão de recuperar a liderança. Hernâni era um dos produtos do passado. Tinha de ser sacrificado. Para azar de Júlia e da estação, o 'day time' da SIC, que já tinha vida difícil, piorou, e o antigo jornalista, investido no papel de "especialista" em crime e segurança, foi recuperado. Ganhou o estatuto de arma principal para o meio-dia, a hora mais exigente dos programas da manhã nos canais generalistas de sinal aberto.
O sucesso relativo da rubrica de Hernâni Carvalho, no meio de todo o insucesso da SIC, fê-lo chegar à titularidade das 7 da tarde, onde a estação tem audiências miseráveis. 'Linha Aberta' é um 'talk show' sobre criminalidade, com reportagens, comentadores em estúdio, e telefonemas de espectadores. Esta última característica prevalece no nome dado ao formato, linha aberta, mas acaba por ser a menos bem conseguida. Além de alguns problemas técnicos, nem sempre os temas proporcionam perguntas pertinentes. Exemplo: a pergunta absurda sobre "quando devem as polícias parar de investigar". A prazo, 'Linha Aberta' deixará de ter telefonemas. O equilíbrio entre vídeo e estúdio tenderá, também, a desfazer-se, com a dificuldade de manter a produção.
Sem o apoio da estação de Carnaxide, e sem outros meios, 'Linha Aberta' corre o risco de se fechar em estúdio. Veremos se Hernâni Carvalho, um sobrevivente, será ou não capaz de dar a volta a este presente envenenado.