
O momento em que um apresentador de televisão força o sucesso até ao limite é o ponto decisivo da sua carreira. Cristina Ferreira está em todo o lado. Estreou-se com um estilo espontâneo, baseado numa voz repentista e numa presença física efusiva.
Foi decantando essas características até atingir um carisma avassalador. Impôs-se como parceira nas manhãs de Goucha, numa altura em que isso não era fácil. Foi o seu primeiro grande triunfo, que lhe reforçou a auto-estima no ar, ao ponto de extravasar do 'day time' para o horário nobre, e depois para todos os horários.
Cristina é sempre um acontecimento: ela faz as manhãs, faz as 7 da tarde, e agora faz também o Domingo à noite; Cristina está nas capas das revistas, está na sua própria revista e monopoliza a publicidade; Cristina ocupa as redes sociais, experimenta a literatura erótica e as biografias confessionais, ocupa as crónicas do coração, e o mais que há-de vir. O público de tudo parece gostar. Cada triunfo traz a tentação de novo desafio.
E, assim, eis que chegamos ao tal momento-chave da carreira de Cristina Ferreira, em que o sucesso está a ser forçado até aos limites. O sintoma de Domingo passado, em que o 'Apanha se Puderes' perdeu com estrondo para os apanhados da SIC, é um sinal de que Cristina não é invencível. A apresentadora de maior talento da sua geração está a ser usada pela TVI neste momento difícil, numa estratégia que a desgasta mais a ela do que à estação. Aprender os limites do sucesso será a diferença entre uma carreira duradoura e o desgaste rápido na próxima era de Queluz de Baixo.