
Da primeira para a segunda emissão, Impossível perdeu 115 mil espectadores. Depois de uma estreia auspiciosa, no primeiro fim-de-semana de Setembro, com 14,2% de share, o programa desceu para pouco mais de 10% no Sábado a seguir, e ficou abaixo da média da estação.
'Impossível' é um objecto estranho e difícil de catalogar. Trata-se de uma espécie de talk show, com um sofá onde ficam os convidados. O alinhamento é pontuado por uma série de performances, as quais, sempre que possível, envolvem os convidados centrais. Parte substancial do conteúdo tem a ver com a magia, com autênticas estrelas mundiais – David Copperfield, por exemplo, é um dos elementos fixos da emissão.
Luís de Matos mostra que passou ao lado de uma carreira sólida como apresentador. Faz a gestão dos conteúdos com desenvoltura, mesmo quando tem de fazer tradução simultânea de convidados estrangeiros. O cenário é vistoso e eficaz, e a produção deixa bem à vista todo o dinheiro investido, e que não deve ter sido pouco.
Ora, com toda esta complexidade de produção, e com estrelas globais em directo, numa área tão popular como a magia, o que falta para fazer de 'Impossível' um verdadeiro espectáculo para toda a família, no serão de Sábado? Creio que um dos problemas actuais da RTP1 é a heterogeneidade do canal. Não parece haver um conceito de onde emanam as apostas, antes uma manta de retalhos que se juntam quase por acaso. Sente-se isso com Impossível: o desconforto de estar a ver um programa moderno num canal obsoleto. Estranha-se e não se entranha.