
Terça-feira da semana passada um conjunto de jornalistas preparava--se para reportar, à entrada da Academia do Sporting, em Alcochete, um treino marcado para essa tarde. A notícia suscitava bastante interesse, devido aos maus resultados do clube, à tensão entre o presidente, o treinador e os jogadores, e, finalmente, devido às notícias sobre suspeitas de viciação da verdade desportiva por parte de dirigentes sportinguistas.
Subitamente, um bando de 50 encapuzados corre pela estrada de acesso à academia, em pose agressiva que procurava aparentar disciplina militar. Os primeiros a serem ameaçados foram os jornalistas. Aqueles hooligans não queriam testemunho nem a imagem do crime que iam cometer.
O rumo da História virou por mero acaso, como quase sempre: o repórter de imagem da CMTV, Diogo Rodrigues, estava em direto, e cumpriu o seu papel. Registou a chegada do que mais parecia uma milícia disposta a chacinar quem lhe aparecesse à frente. A imagem rapidamente encheu redes sociais e sites, e, hoje, todos os portugueses a terão visto. Ora, por vezes há imagens assim. Imagens que registam uma determinada realidade de uma forma tão marcante que alteram os termos da relação social com os fenómenos retratados.
É este o sortilégio da televisão: num instante, pode enfeitiçar os espectadores e criar movimentos colectivos avassaladores, seja para o bem, seja para o mal. Neste caso, fez da violência no desporto um assunto de Estado. Eis o jornalismo em estado puro – em directo, sem filtros, serviço público, raro mas inesquecível.
Um globo cheio de nadaO resultado deste ano dos Globos de Ouro foi, seguramente, um dos piores de sempre, com pouco mais de 670 mil espectadores. O programa ficou num claro último lugar, atrás, tanto da 'Casa', como da final de 'Got Talent'. O espectáculo passou despercebido, o que é dramático para uma gala como esta.
Bruno ChavezO presidente do Sporting falou durante cerca de hora e meia, naquilo que era para ser uma conferência de imprensa, mas que foi uma cerimónia "à la Hugo Chavez", até chegar às perguntas dos jornalistas. Todos os canais de informação, menos a SIC Notícias, optaram por interromper o momento, ridículo entre todos, em que Bruno falou sem dizer nada.
A novela do futebolParece-me absolutamente incompreensível ouvir pessoas do futebol a criticarem o facto de haver programas de televisão que se destinam unicamente a discutir os lances, os jogos e as polémicas. Falam de barriga cheia: quantas outras indústrias, negócios ou actividades dariam tudo para terem o mesmo tempo de antena? Fixem este princípio: o sucesso do futebol entre nós depende e está intimamente ligado ao facto de existirem tantos programas que mantêm a atenção focada nos jogos que decorrem uma vez por semana, durante meros 90 minutos.
O arquivador-geralPassou despercebida uma entrevista de Pinto Monteiro, Procurador-Geral da República, a Ana Lourenço, na RTP3. Pinto Monteiro liderou o Ministério Público num período negro para a justiça. Perguntado se foi, ou não, o arquivador-geral da República, Pinto Monteiro auto-intitulou-se como "o homem que não prendeu José Sócrates". Fica o baptismo gravado em pedra. Ele lá sabe porque insistiu neste novo cognome.