
Hoje quero falar-vos de uma das grandes novidades televisivas do ano. Trata-se de um formato cujo sucesso é de tal forma inesperado que impõe uma análise séria, até para todos nós, profissionais e espectadores que também somos, entendermos a televisão que temos e que precisamos, em vez de ficarmos limitados a cenários idealistas e irreais.
Falo dos acompanhamentos de jogos de futebol, que se transformaram num sucesso tremendo na tv por cabo. A ideia é simples: à falta de direitos para transmitir as partidas, junta-se em directo, no mesmo estúdio e durante o exacto decurso do jogo de futebol, um relatador, comentadores afectos aos principais clubes, jornalistas imparciais para fazerem a análise mais racional, e um ex-árbitro para avaliar o apito.
O formato tem raízes nos relatos radiofónicos, fórmula antiga de juntar multidões em redor da paixão da bola sem ir ao estádio. Tais ingredientes chegaram para transformar os acompanhamentos em espectáculos de televisão com uma fortíssima personalidade própria, que funcionam como eventos paralelos ao próprio jogo, e que registam audiências absolutamente avassaladoras para a realidade do cabo.
Eis um sintoma da dificuldade que os portugueses têm para pagar a assinatura da Sport TV. Num País em que praticamente não há futebol em sinal aberto, esta é a opção mais barata (na verdade, grátis) para viver as emoções do campeonato de futebol. Eis uma prova de que a televisão não é uma ciência exacta, antes depende de factores tão complexos e imprevisíveis que ninguém, no fundo, a consegue controlar.
MAIS UM NO ANEDOTÁRIOO País descobriu-o quando liderou os Açores. Hoje é dos mais influentes no PS. Acaba de reforçar a eterna galeria onde os portugueses arrumam e escarnecem de políticos como Relvas e Pinho. Falo de Carlos César: era reembolsado por viagens pagas pelo Parlamento. Pior: anda pelas televisões a falar de ética!
CANAL PREMIUM, MAS POUCOSábado de manhã, no canal TV Series, o episódio de 'Saving Hope' voltou pelo menos por três vezes ao início. Certamente um erro de ficheiro, que obrigou os espectadores mais dedicados a desistirem. Um canal premium, a tratar os clientes desta forma descuidada, não prestigia nenhuma das operadoras.
ELE ESTARÁ DE VOLTA?Pelo marketing da TVI, que pede inscrições, tudo indica que Ljubomir Stanisic está de volta à antena. Uma óptima notícia, atendendo aos resultados da primeira edição do programa, e ao impacto que teve no mercado, aos domingos à noite. O chef fez finca-pé por um contrato que, no seu entendimento, correspondesse ao valor do seu trabalho – chegou a equiparar-se, meio a sério, meio a brincar, a Cristina Ferreira. Seja lá como for que a estação o convenceu a regressar, aí está, desde já, um candidato a acontecimento televisivo do ano.
RTP1 SEMPRE EM PERDA
Domingo, o canal 1 voltou a rondar os 10% de share. De Janeiro a Abril, tem sido um percurso descendente, apesar de festivais, selecção, champions e o mais que se sabe. A média de Abril ronda os 11%, um dos valores mais baixos de sempre. O balanço da administração que cessa é claramente negativo, sem produções que fiquem na memória e sem resultados. E quando não há audiências nem prestígio, o que fica?