
Agora que a venda à Altice está prestes a concretizar-se, a TVI, ao que tudo indica, vai, finalmente, mudar de mãos. Abre-se uma nova era nos media em Portugal. A dona do Meo deu o primeiro passo para a resolução do bloqueio, ao comprometer-se com a separação dos diversos negócios que passará a deter entre nós.
Estes remédios terão de passar pelo crivo das entidades de regulação, mas é bom começarmos a olhar para a nova realidade que aí vem. A TVI, que manteve uma liderança sólida nas audiências durante todo o processo, ganhará ainda mais poder de investimento.
Não obstante, a tentação do novo proprietário, com certas características de predador financeiro, deverá ser igual à do anterior: se não houver concorrência, para quê melhorar o produto em vez de repatriar os lucros? Aqui, é pertinente analisar o factor-Balsemão: a determinado ponto do seu percurso, o patrão da Impresa endividou o grupo para manter o controlo da SIC.
Apanhada pela crise no pico do endividamento, a estação estiolou, sem investimentos. Agora, Francisco Pinto Balsemão tem à sua frente a decisão que vai definir o seu lugar na História e na memória dos portugueses: perante a aliança TVI/Altice, ou Balsemão se fecha na sua trincheira, e acabará por matar a SIC e a Impresa, ou abre horizontes a um núcleo de capitais virtuosos, capazes de manter o centro de decisão em Portugal e de reforçar a liberdade de imprensa. Só assim Balsemão evitará o risco de legar o seu património moral a um qualquer fundo-abutre, para quem a democracia é o caminho mais curto para a rapina financeira.
DENTINHO É UM PERIGO...
Em plena missão de serviço público, a informação da RTP1 continua a marcar pontos, aqui e ali. Desta vez, uma investigação revela que, no total, são 159 os deputados que vivem em Lisboa mas declaram outra residência, à caça do subsidiozinho. É por estas e por outras que o cargo de Dentinho é tão disputado.
TIMELESS
Viajar no tempo já teve melhores dias entre nós. A produção nacional "queimou-se" com a adaptação de Ministério do Tempo, de má memória para a RTP e para os actores que não receberam. Agora, estreia em Portugal a segunda temporada de Timeless, no AXN, talvez o produto que melhor resistirá à máquina do tempo e ao esquecimento. A ver.
A OPORTUNIDADE PERDIDA
A final da Eurovisão é só amanhã, mas já se pode fazer um primeiro balanço da mega-operação montada pela RTP: tratou-se de uma oportunidade perdida. A operação foi cara, sem brilho e não vai deixar saudades. A engenharia financeira para pagar tudo envolve Estado e autarquias, mas deixará dívidas. Das audiências não ficará rasto – quase passaram despercebidas as diversas etapas rumo ao espectáculo final. Para Portugal, musicalmente, sobram as saudades de Salvador Sobral.
A FORÇA DO FUTEBOL
Se os acompanhamentos dos jogos de futebol fossem uma modalidade desportiva, seriam a segunda modalidade mais importante e com mais impacto televisivo em Portugal, logo a seguir ao futebol propriamente dito. Domingo, o acompanhamento do FC Porto-Feirense, na CMTV, teve o dobro da audiência do dérbi Sporting-Benfica em andebol, na TVI24. E em jogo estava o título nacional!