Clara Pinto Correia, de 65 anos, foi encontrada morta esta terça-feira, 9 de dezembro, na sua casa em Estremoz. O corpo, que se acredita estar sem vida há vários dias, foi descoberto pela empregada.
A morte surge pouco depois de a autora ter publicou no jornal digital 'Página Um', onde era colunista, uma crónica na qual relatava uma cena de violação, na primeira pessoa, no Natal de 2020.
A última crónica da autora - publicada no dia em que se soube da morte - trouxe outra revelação: Clara Pinto Correia terá sofrido um AVC no final do verão. No texto, descrevia com detalhe o episódio, que ocorreu quando estava hospedada na Meia-Praia, em Lagos, a convite de amigas.
"Teria sido uma maravilha, se não fosse o AVC. Assim, foram três dias de praia e cinco dias de hospital", escreveu. Segundo relatou, foi imediatamente levada ao hospital por uma amiga e, depois, transferida para Portimão. Explicou ainda que demorou "dois dias para recomeçar a falar e conseguir andar", e que, apesar de a recuperação inicial ter sido positiva, os meses seguintes se revelaram difíceis.
"Depois há as sequelas. E, quando nos dão alta, também não nos dizem nada a esse respeito. Mas devia ser obrigatório dizerem, porque nós não nascemos ensinados", lê-se na crónica.
A escritora contou que passou a cansar-se mais depressa, demorando mais tempo a escrever, e que começou a enviar os textos às irmãs antes da publicação para garantir que nada seguia com lapsos resultantes das sequelas.
Na crónica, Claro Pinto Correia lamentava ainda a falta de informação pública sobre os sinais de alarme de um AVC. "Continuo a achar imperdoável que nunca se faça uma única campanha de esclarecimento, a nível nacional, sobre um problema que afecta tanta gente. (...) Quero é que a vida dos portugueses não acabe cedo demais porque nunca ninguém os ensinou a reconhecer o temível sinal de alarme que, de repente, se acende no meio de um nevoeiro cerrado."