O "processo Sara Carreira" pode estender-se durante meses. Agora que o ministério público de Santarém se pronunciou sobre o que aconteceu na fatídica noite que vitimou a filha de Tony Carreira, passamos à fase seguinte: ir a tribunal. Mas não é já.
Instrução pode adiar o processo
Segundo a TV Guia adianta na sua edição semanal, hoje nas bancas, a partir do momento em que foram notificados da acusação, os arguidos - a fadista Cristina Branco e o ator e então namorado de Sara Carreira, Ivo Lucas - têm 20 dias para pedir a instrução, sendo esta uma fase que lhes permite rebater o processo. O tribunal decide depois se manda ou não o caso para julgamento. Caso algum dos arguidos decida abrir instrução, o caso poderá demorar cerca de seis meses a chegar a tribunal. Caso isso não aconteça, daqui a cerca de três meses existirão desenvolvimentos.
Recorde-se que tanto o ator de 'Amor Amor' como a fadista estão acusados de homicídio por negligência.
Segundo o MP de Santarém - na acusação que hoje é descrita ao pormenor na revista TV Guia - Sara morreu após o seu Range Rover ter chocado frontalmente com o carro da fadista Cristina Branco, que se encontrava já acidentado na estrada. O jipe conduzido por Ivo Lucas bateu com o lado direito (onde se encontrava Sara) na parte frontal da viatura da fadista.
O Ministério Público considera assim que "Cristina Branco vinha desatenta e não evitou o primeiro embate" em Paulo Neves. "Mercê disso, o veículo por si conduzido ficou imobilizado na faixa central da A1, sentido norte-sul, obstruindo a faixa de rodagem em que circulava o arguido Ivo Lucas."
Acusação baseada em depoimento e provas na estrada
A acusação de Ivo Lucas vem em seguida. "O arguido conduzia de forma desatenta e por isso não se apercebeu a tempo da presença do veículo [de Cristina Branco], e por seguir a mais de 120 km/h não logrou realizar, eficazmente, a manobra de evasão para a esquerda, colidindo frontalmente."
A avaliação do MP diz ainda que o cantor, "ao conduzir a uma velocidade superior a 120 km/h", "representou como consequência possível o embate noutros veículos e a possibilidade de causar lesões à passageira que transportava no veículo", ou seja, Sara. "Sabia o arguido quais eram os cuidados que deveria ter tomado para evitar o embate e se os tivesse tomado este não se teria verificado , nem se teriam verificado as consequências supra referidas."
Segundo uma fonte da Polícia Judiciária, a "condução desatenta a que a acusação se refere baseia-a no testemunho de Ivo Lucas que, no seu depoimento, afirmou poder estar distraído enquanto vinha à conversa com a namorada".
A mesma fonte garante que, nos testes a que foi submetido, o ator da novela da SIC não acusou qualquer consumo de droga, álcool e não há registo de que viesse a mexer no telemóvel.
Arguidos com termo de identidade e residência
Para já, os arguídos podem cricular livremente, quase sem restrições. Ou seja, até à data, a medida de coação dos arguidos mantém-se inalterada. "Não há a aditar ao termo de identidade e residência já prestado pelos arguidos, porquanto se considera tal medida adequada e suficiente", pode-se ler no despacho da acusação.
Ou seja, mesmo que o processo avance, os arguidos aguardarão em liberdade.
