Francisco Pinto Balsemão morreu no passado dia 21, aos 88 anos, mas, aos 38, já desafiara a morte.
Tudo aconteceu em 1975, durante os tempos agitados que caracterizaram o Processo Revolucionário em Curso, ou PREC, uma altura especialmente tensa para o homem que fundou o PSD, então denominado PPD, Partido Popular Democrático, ao lado de Francisco Sá Carneiro e Joaquim Magalhães Mota.
Balsemão foi várias vezes ameaçado e era até aconselhado a não dormir em casa, chegando inclusivamente a adquirir uma arma de fogo para proteção pessoal.
"Ao longo do PREC, tive várias vezes avisos de militares amigos para não dormir em casa. Quando dormia em casa, que foi a maioria das vezes, tinha uma pistola no carro", revelou em tempos.
E a verdade é que acabou mesmo por ser alvo de um atentado terrorista. A 24 de fevereiro de 1975 explodiu um petardo sob o Porsche de Balsemão, estacionado no jardim da sua moradia na Quinta da Marinha – onde viria a viver até aos dias de hoje.
Este terá sido o primeiro atentado do ELP - Exército de Libertação de Portugal, uma organização de extrema-direita saudosista do regime de Salazar. Surgiu como "o braço armado das organizações mais radicais de oposição ao processo político desencadeado a 25 de Abril".