
Salvador Sobral voltou ao 'Alta Definição' de Daniel Oliveira...e recordou tudo o que lhe aconteceu antes e depois da Eurovisão em 2017, depois da vitória na Ucrânia de 'Amar Pelos Dois', nomeadamente o transplante de coração, que lhe salvou a vida.
"A Eurovisão marcou a minha vida para sempre", começou por explicar o cantor que recorda a imagem que tinha nessa altura: "Muito magrinho e com uma barriga de líquidos de 20 quilos", continua, dizendo que agora, já com um coração novo, essa época "parece que foi noutra vida".
Até porque Salvador Sobral recorda que nessa altura estava sempre muito cansado. "Estava mesmo muito mal. Só tinha vontade de descansar. Tudo era um cansaço", revela recordando que os outros membros da banda, que o acompanhavam em concertos na altura, lhe chamava "velhote" por ele até dificuldades até a subir "escadas".
O cansaço era tal, e a falta de esperança era muita, por isso Salvador Sobral chegou a fazer um testamento. "Dei a ler aos meus pais e à minha namorada (Jenna Thian). Era tudo muito frio. Mas a minha mãe não aceitava", explica a voz de 'Amar pelos Dois', que recorda que depois da vitória, na Ucrânia, e já a fazer concertos por cá, a sua saúde piorou. "A minha temperatura corporal não baixava. Estava sempre com febre e não descia. Era o corpo a entrar em falência".
Por esta altura o músico já usava um desfibrilador no corpo. Este entrava em ação quando Salvador tinha um ataque de coração, o que aconteceu várias vezes. "Cheguei a ter, em Vila de Mouros, no palco. Pensei que ia morrer em palco". Um desses momentos, em que o desfibrilador atuou, nem era preciso (este por vezes atuava sem ser necessário se os batimentos cardíacos não correspondessem ao do algoritmo) marca-o para sempre. "Tive um a fazer amor com a minha ex-namorada. Tenho a certeza que isto causa algum tipo de trauma sexual", recorda, com algum humor.
Contudo, uma esperança surgiu no horizonte. Salvador Sobral, pela segunda vez - a primeira vez que foi chamado para um transplante acabou por não acontecer - foi chamado para fazer a cirurgia, algo que só aconteceu depois de vários exames que o deixaram à família e a ele sempre sem saber se esta seguia em frente senão. Felizmente o dador- para quem entretanto já escreveu uma música- acabou por ser mais compatível com ele do que com a pessoa que competia pelo coração e o músico acabaria por ser operado. Mas o acordar foi muito diferente do que esperava pois "acordei com dores sem fim", recorda garantindo que o pós operatório foi muito duro, a ponto de não "permitir quer a minha família me visse".
Desse tempo além das "dores sem fim", recorda ter tido "soluços durante 48 horas" e de "não conseguir dormir" e assim recuperar... até lhe ser administrada morfina. Os meses seguintes foram de "reaprender a viver", conta. "Tive que aprender até a recuperar o equilíbrio porque os músculos estavam muito fracos".
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Hoje sente-se com saúde mas esta não é de ferro. Salvador Sobral explica que está "muitas vezes doente" por culpa "do infectário" que é a creche da filha, Aida de um ano. "Tenho um sistema imunitário muito baixo. Vou ter que viver com isso", disse a Daniel Oliveira, explicando que um transplantado tem "mais problemas" e pode ter mesmo "complicações" devido a isso mesmo. Por isso, e sabendo que pode não ter o mesmo período de vida que uma pessoa que não tenha passado pelo que ele passou tenta aproveitar ao máximo "o tempo com a minha filha", diz "porque sei que pode acontecer", não ter tanto tempo de vida.