A notícia da tragédia no Elevador da Glória continua a ter eco em Portugal e no mundo, com os relatos de horror de todos aqueles que presenciaram ou estiveram diretamente envolvidos no acidente.
Stefania Lepidi era uma das passageiras do Elevador da Glória no momento em que ocorreu o fatídico desastre. Em entrevista à cadeia de televisão do seu país Rai 3, ela contou que estava em Lisboa para participar numa conferência quando, na companhia do filho, de 25 anos, decidiu apanhar o ascensor para jantar na parte alta da cidade. Como até nem havia fila, decidiu entrar, sendo que pouco tempo depois de iniciar a marcha, o elevador trava abruptamente. Stefania estava na carruagem abaixo daquela onde se deu a tragédia e relata o que sentiu no momento.
"Arrancou, mas após alguns segundos, inexplicavelmente, parou de repente, depois voltou a mover-se com brusquidão batendo na parte de trás contra o que vi ser uma espécie de travão que existe no fim do percurso nos carris. Nesse impacto tão violento, eu, apesar de estar sentada, fui projetada do assento e caí sobre as pessoas que já estavam no chão e, ao cair, apoiei a mão direita e comecei a gritar porque me magoei no pulso", conta, acrescentando que o pânico se instalou a partir do momento em que os ocupantes do elevador viram o denso fumo que saía da outra carruagem. De repente, todos começaram a tentar sair do elevador da forma como conseguiam.
"Nós saímos todos da carruagem a andar. Na outra houve vítimas mortais. Eu, no geral, estou bem, tenho o braço partido, mas foi uma experiência forte. Ver o que aconteceu aos outros deixou-me chocada, fiquei duas horas no chão porque, naturalmente, os bombeiros tinham outras prioridades, pediram-me para ter paciência, mas vi levarem as macas e em algumas estavam os corpos cobertos. Comecei a tremer, vomitei, não estava bem."
A italiana conta que o cenário que encontraria era de profundo horror e que reagiu com choque a tudo o que estava a acontecer. "Via sangue por todo o lado, comecei a tremer, a vomitar, aquelas duas horas foram de angústia: disseram-me que não me podiam ajudar de imediato, porque havia mortos. Tinha suores frios, o suor congelava-me na pele, as minhas costas doíam, e a certa altura puseram-me uma manta térmica."
A mulher acabaria por ser transportada para um dos hospitais da Grande Lisboa, para verificarem a gravidade dos ferimentos, e acabou por ter alta no dia seguinte.
