
Antes de Cristiano Ronaldo e de Leo Messi, Diego Armando Maradona gozava, somente junto do brasileiro Pelé, de um estatuto díspar de todos os outros futebolistas da história. Na sua nativa Argentina, à qual deu a alegria de ser campeã mundial em 1986, deu origem a uma religião que representava o fascínio dos milhões de argentinos que nele viram o enaltecer da sua pátria a uma escala global, sendo extremamente difícil para qualquer outro no futuro alcançar o mesmo nível de idolatria.
Todavia, até alguém amado por dezenas de milhões de pessoas pode encontrar-se abandonado nos últimos tempos da sua vida. O eterno número 10 faleceu aos 60 anos, no dia 25 de novembro de 2020, vítima de um edema pulmonar e de uma insuficiência cardíaca, de acordo com a autópsia, que detetou também inúmeros antidepressivos. Passado um ano, as polémicas que o acompanharam durante toda a sua vida continuam a pairar na morte.
Aquele que se apresentou como o seu médico pessoal, o neurocirurgião Leopoldo Luque, está a ser investigado por falsificar a assinatura de Diego Maradona para obter a história clínica do craque, tendo aprovado a sua alta médica quando este foi internado devido a um hematoma. Maradona foi convencido por Luque e pelo seu amigo advogado Matías Morla, detentor da marca com o seu nome, simultaneamente, titular de uma das suas contas bancárias na Suíça, segundo refere a ‘Vanitatis’, a mudar-se para uma casa onde teria as condições adequadas para a recuperação, algo que não se verificou, tendo sido reveladas na imprensa as fotografias do mau estado da residência.
Maradona acabaria por morrer, nessa mesma habitação, uma semana depois da cirurgia à cabeça, saindo à tona todas estas informações sobre os tempos que antecederam o seu fim. Nos últimos tempos foi visitado apenas por familiares de Morla, longe dos seus. O advogado de Dahiana Madrid, enfermeira que alega ter sido coagida a ter declarado que observou o ex-futebolista no dia da morte, afirmou: "Dias antes de morrer, Maradona caiu e bateu com a cabeça, mas ninguém ligou para o hospital." No fundo, tudo fica resumido pela conclusão da investigação, onde se pode ler que Maradona foi "abandonado à sua sorte".