
Jorge Mendes, o famoso agente desportivo português, é o próximo alvo do Ministério Público, através da operação Prolongamento, que já teve várias buscas e escutas telefónicas, revela a Sábado.
Tudo começou com dois diálogos, na altura relativos à operação Picoas, que conduziu recentemente à detenção de responsáveis da Altice, Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes, que gizaram um esquema financeiro, que terá lesado o Estado português.
No primeiro deles, datado de 2018, o proprietário da agência Gestifute tentou convencer Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, a aceitar a compra de um futebolista de 18 anos, à sua responsabilidade, por 3,5 a 4,5 milhões, alegando que o dirigente não se iria arrepender e que já tinha inclusive uma venda alinhavada, que ainda não iria concluir devido à tenra idade do jogador. Vieira recusaria por acreditar muito no potencial do jogador que já tinha naquela posição, Florentino.
Noutro, datado de 2019 e ouvido pela Autoridade Tributária, no qual Luís Filipe Vieira pergunta à filha Sara se está "tudo bem" financeiramente com ela, com esta a responder positivamente e a afirmar que vão receber mais para o financiamento de projetos em São Tomé e Príncipe, país onde Sara reside. De seguida, Luís Filipe Vieira diz que Jorge Mendes iria enviar os 200 mil euros necessários: "Agora quando for viajar com ele, já lhe vou dizer. O Jorge ainda não mandou, vou falar com ele", referiu o antigo dirigente do clube da Luz.
Esta troca de impressões foi um dos exemplos que levou a que o MP intensificasse as escutas telefónicas de Jorge Mendes que, contudo, utilizava maioritariamente a aplicação WhatsApp, não sendo assim possível detetar todo o panorama em volta das chamadas ouvidas.
As autoridades conseguiram, todavia, ter conhecimento de que, para além das tradicionais transferências de jogadores, o agente FIFA também estava envolvido em processos de aquisição de clubes, ainda que não tenham sido desvendados exemplos. Estas escutas foram eventualmente interrompidas para que o caso transitasse para um outro processo, o Cartão Vermelho, que redundou na detenção de Vieira, e, posteriormente, a operação Prolongamento.
As suspeitas sobre Jorge Mendes estão relacionadas com negócios relacionados com "a intermediação na venda de passes e direitos relativos a jogadores de futebol, os quais são suscetíveis de integrar a prática de crimes de fraude fiscal qualificada e de burla" e lavagem de dinheiro.
Até ao momento, nesta operação, existe somente um arguido, Bruno Macedo, em adição às várias buscas a figuras como José Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, e o agente Pedro Pinho, mas, de acordo com a publicação, haverá novidades nos próximos meses acerca deste caso.
Jorge Mendes foi o agente de Cristiano Ronaldo durante vários anos, tendo-lhe conseguido alguns dos melhores contratos. Mas tudo acabou no final de 2022. Há muito que se falava que a relação entre Ronaldo e Jorge Mendes caminhava a passos largos para a deterioração, mas as coisas agudizaram-se em dezembro passado. A incerteza do futuro e a falta de um clube na Europa, acabaram por arruinar definitivamente o vínculo entre jogador e a Gestifute, a empresa de Jorge Mendes.